VAREJO BAIANO | COMÉRCIO 2023
COMÉRCIO DA BAHIA REGISTRA ESTABILIDADE NAS VENDAS EM 2023, APONTA FECOMÉRCIO-SP
Supermercados e farmácias se destacam e atenuam o desempenho negativo das demais atividades do varejo
Em dezembro de 2023, o comércio da Bahia faturou R$ 13,9 bilhões – variação de 0% na comparação com igual período do ano anterior, como aponta o levantamento mensal da Fecomércio-BA com base nos dados do IBGE. Apesar da estabilidade observada, este foi o menor nível de faturamento para o mês desde 2012, quando a Entidade iniciou o monitoramento.
No acumulado do ano, o cenário é parecido. Os R$ 145,5 bilhões registrados ao longo de 2023 representam um discreto aumento de 0,3% em relação às receitas de 2022, e a avaliação dos resultados mês a mês confirmam como este foi um ano repleto de desafios ao setor, que registrou queda das receitas em cinco das oito atividades avaliadas.
O grupo outras atividades exerceu o maior impacto negativo sobre o resultado geral, com retração de -8,7% em relação à receita obtida em 2022. Mas o resultado já era esperado pela Entidade e decorre tanto da redução dos preços médios dos combustíveis e do gás de botijão – ainda que em menor grau do que era previsto –, quanto de uma possível queda nas vendas e fechamento de estabelecimentos em outros segmentos, como lojas de artigos esportivos, de artigos pet, joalherias entre outros.
As lojas de eletrodomésticos e eletrônicos também não alcançaram resultados expressivos em 2023, registrando o terceiro ano consecutivo com retração do faturamento, que atingiu R$ 5,79 bilhões no ano – queda de -2,6% em relação ao acumulado de 2022. Apesar do início do ciclo de queda das taxas de juros, o ainda elevado custo de captação seguiu limitando o desempenho do setor de bens duráveis e semiduráveis, bastante dependentes do mercado de crédito.
Já as demais atividades que, ao longo de 2023, não foram capazes de superar o faturamento obtido no ano anterior, apresentaram variações mais amenas e exerceram menor influência negativa sobre o resultado anual do comércio. As lojas de vestuário, tecidos e calçados, por exemplo, registraram queda de -2,5% em relação ao faturamento de 2022, mas seguem em patamar elevado devido à forte expansão das vendas nos últimos dois anos.
No mesmo sentido, o segmento de veículos, motos, parte e peças apresentou queda de -1% em relação ao faturamento de 2022 enquanto as lojas de móveis e decoração tiveram variação de -2,3% no mesmo período, mas com impacto significativamente menor dada a menor expressividade do segmento com relação ao varejo total.
Por outro lado, apesar das variações negativas registradas pela maior parcela das atividades monitoradas, os setores básicos de consumo seguiram em forte expansão em 2023 e foram capazes de superar as perdas dos demais segmentos. Apoiados pelo movimento de recomposição de renda da população, tanto pela redução do desemprego e aumento dos salários, como através da contenção da inflação, os supermercados e as farmácias apresentaram ótimos resultados.
Responsável por aproximadamente 40% de tudo que é faturado pelo comércio no Estado da Bahia, o setor supermercadista atingiu, em 2023, o maior faturamento dos últimos sete anos, com R$ 56,5 bilhões em vendas. Mesmo diante de uma base de comparação mais forte, após alta de 4,6% no acumulado de 2022, o setor segue em expansão e chega, em dezembro, a 21 meses consecutivos em alta na comparação anual.
Já o segmento de farmácias e perfumarias registrou o mais novo recorde da série histórica, iniciada em 2012, com faturamento de aproximadamente R$ 11,1 bilhões, como já era projetado pela Entidade para este ano. Ao longo de 2023, o segmento registrou variação anual das receitas acima de 10% em sete meses, chegando a quase 20% de alta em outubro.
Além da recomposição do poder de compra do controle dos preços, a melhora notável dos resultados observados para ambos os setores também está relacionada com o avanço da eficiência operacional, a redução das taxas de desemprego e abertura de novos pontos de venda e dos investimentos em digitalização e uso da inteligência de dados para alavancar as vendas.
Desse modo, considerando altas e baixas ao longo de 2023, o resultado de estabilidade das receitas do varejo baiano pode ser encarado de maneira positiva, dado o bom desempenho do setor nos últimos três anos. Até porque está havendo uma tendência de aceleração, uma vez que, enquanto o primeiro semestre registrou queda de 0,4%, a segunda parte do ano avançou 1%.
Somado a isso, vem sendo observada uma melhora gradual dos níveis de inadimplência das famílias, o que deve contribuir para os resultados do comércio em 2024, que também se beneficia do movimento de queda da taxa básica de juros. Evidentemente, há uma questão mais macro de incertezas sobre o controle fiscal e que podem prejudicar o andamento da economia, dependendo das ações tomadas pelo governo. Mas, por enquanto, a tendência é bastante favorável para o desempenho das vendas ao longo de 2024.