VAREJO BAIANO | COMÉRCIO FEVEREIRO 2024
VENDAS SURPREENDEM E SOBEM 8,5% EM FEVEREIRO, APONTA FECOMÉRCIO-BA
Setores básicos puxam crescimento e atividades como materiais de construção aceleram com a queda de juros.
O comércio varejista da Bahia registrou faturamento de R$ 11,7 bilhões no mês de fevereiro, crescimento de 8,5% na comparação com igual período do ano anterior. Essa é a maior variação anual do varejo desde julho de 2021 e o maior volume financeiro para o mês desde 2016. No acumulado do bimestre, a alta é de 4,6%.
Como vem acontecendo na região, os setores básicos seguem como os grandes puxadores de vendas no comércio do estado. Os supermercados, por exemplo, registraram um aumento anual de 11,3%, adicionando quase 500 milhões de reais de faturamento no mês. Em fevereiro foi o maior volume movimentado para o mês em 8 anos, de R$ 4,8 bilhões.
As farmácias e perfumarias até tiveram uma variação ainda mais expressiva, de 18%, porém possui um peso relativo menor e adicionou, em termos monetários, um montante mais baixo de R$ 142 milhões para o comércio em relação ao valor de fevereiro de 2023. O resultado foi recorde para o mês, com R$ 925 milhões de faturamento.
É uma combinação importante de fatores que levaram a esse desempenho surpreendente na Bahia. Além da melhora das condições econômicas, sobretudo relacionado a melhora no mercado de trabalho, teve a grande festa do Carnaval e pode-se adicionar um dia a mais no mês, pois esse ano é bissexto.
Outro setor que chama a atenção no mês é o de materiais de construção, com avanço anual de 13,7% e tendo o maior faturamento desde 2021, com R$ 891 milhões. Importante ressaltar que naquele período a taxa de juros estava mais baixa que a atual, ou seja, é um segmento que vem se recuperando e que depende exatamente do custo do dinheiro que vem caindo, dada a queda da taxa SELIC.
As vendas de veículos também subiram nesse segundo mês de 2024, 5,1% no contraponto anual, com faturamento de R$ 1,97 bilhão. Essa atividade também é
sensível ao crédito e deve se beneficiar com a sequência de cortes da taxa de juros, impulsionando ainda mais as vendas no estado.
As demais altas foram vistas no grupo outras atividades (5,1%) e nas lojas de móveis e decoração (1%).
Somente dois setores apontaram queda na comparação anual e com a mesma variação, de -2,3%, são eles: lojas de vestuário e calçados e lojas de eletrodomésticos e eletrônicos.
O cenário para esses dois segmentos não é favorável. Na área de vestuário, a recomposição do guarda-roupa dos consumidores no pós pandemia já foi feita e agora é mais residual, diminuindo o ritmo de vendas. Outro problema é que os preços dos produtos ficaram elevados, dado os custos operacionais e de matéria prima mais caros, tirando a atratividade para o público e colocando a dificuldade de manter financeiramente a loja aberta
No campo dos eletrodomésticos e eletrônicos é uma outra situação, de uma disputa acirrada com o comércio eletrônico, com os estabelecimentos online situados em outros estados, principalmente em São Paulo. Dada a característica dos produtos, padronizados, pela facilidade de entrega e preços mais atrativos, os consumidores estão optando cada vez mais pela compra pela internet de celulares, televisores, refrigeradores, etc, o que será natural esse ajuste de vendas no estado no setor.
De qualquer forma, o quadro do varejo baiano tem ficado melhor do que a expectativa. É importante, no entanto, acompanhar a inflação na região que tem ficado mais pressionada, sobretudo no grupo de alimentos e bebidas, itens de maior gasto no orçamento familiar. Porém, não muda a tendência de crescimento para os próximos meses influenciada pela menor taxa de desemprego no estado desde 2015.