FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DA BAHIA

Central do conhecimento

Varejo baiano – Setembro 2022

Varejo Baiano
14 de novembro de 2022

SETEMBRO TEM QUEDA DE 8,1% NAS VENDAS DO COMÉRCIO NA BAHIA, CALCULA FECOMERCIO-BA

 

Inflação e crédito caro restringem compras dos consumidores

 

Pelo sexto mês consecutivo, as vendas do comércio varejista da Bahia retraem. Em setembro, o faturamento foi de R$ 8,9 bilhões, queda de 8,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, o saldo é negativo em 4,4%, tendo o setor perdido, em termos monetários, quase R$ 4 bilhões (R$ 3,9 bi).

Não houve grandes novidades em relação ao que vinha acontecendo nos meses anteriores. Entre os oito setores analisados pelo levantamento da Fecomércio-BA, com base nos dados do IBGE, seis apresentaram queda anual. O destaque em variação foi o setor de móveis e decoração com recuo de 29,3%. Porém, a maior perda de movimentação foi do segmento de veículos e motos, com faturamento atual de 1,39 bilhões de reais, R$ 401 milhões a menos do que há um ano, o que representa recuo de 22,4%.

Outra retração relevante foi das lojas de eletrodomésticos e eletrônicos, de -18,1%.

Todas essas atividades são sensíveis ao crédito, pois são produtos de alto valor agregado e os consumidores adquirem, em quase a sua totalidade, através de financiamento. O problema é que a taxa de juros subiu de lá para cá. De acordo com dados do Banco Central, a taxa média de juros aplicada ao consumidor no país foi de 53,7% ao ano visto no mês de setembro, sendo que um ano antes a taxa foi de 45% a.a.

Vale destacar que a Fecomércio-BA, através de suas pesquisas, vem apontando o recorde de famílias inadimplentes na região. Além de ser uma consequência dos juros elevados, o desequilíbrio no orçamento

doméstico traz limitações na capacidade de consumo de médio e longo prazo, afetando diretamente os setores de bens duráveis.

Os demais recuos foram do grupo Outras Atividades (-7,6%), materiais de construção (-7,2%) e vestuário e calçados (-2,6%).

A inflação mais elevada, sobretudo a de alimentos, implicou também prejudicou as vendas do comércio. Aliado ao cenário de recorde de inadimplência, as famílias precisaram direcionar esforços para compras dos bens essenciais. Para se ter uma ideia, os preços de alimentos e bebidas na região metropolitana de Salvador subiram, em média 13,92% em 12 meses até setembro, sendo que no mesmo período do ano anterior a variação havia sido de 10,41%.

A priorização dos gastos explica, em grande parte, a manutenção do crescimento dos setores de farmácias e supermercado, com altas respectivas de 12,8% e 10,5%. Ambos os faturamentos, de R$ 1,2 bilhão e R$ 1,56 bilhão são os mais elevados para o mês da série histórica desse levantamento, iniciado em 2012. O Auxílio Brasil no valor de R$ 600 deve estar contribuindo em grandes proporções para o bom desempenho desses setores.

Esse desempenho assimétrico do varejo baiano não é surpresa e deve continuar enquanto a inflação não baixar de uma forma mais expressiva e os juros não entrarem novamente num ciclo de baixa.

Contudo, não quer dizer que o varejo baiano não conseguirá se recuperar no curto prazo. A expectativa é grande para a injeção do 13º salário no comércio, visto que há um contingente de trabalhadores formais muito acima de um ano atrás, ou seja, mais dinheiro disponível no final do ano. Ao mesmo tempo, a inflação está começando a ceder, principalmente no grupo de alimentos, o que deve gerar, gradativamente, um espaço a mais para o consumo.

Portanto, o comércio deve continuar com a retração em outubro, mas deve voltar a respirar em novembro com uma ligeira alta de 0,5%, conforme aponta projeção da Fecomércio-BA. O último bimestre tende a ser um novo ciclo de expansão nas vendas, mesmo que seja de forma gradual.