Chuvas podem trazer mais pressão para a inflação de alimentos neste início de ano, avalia Fecomércio-BA

Na RMS, a inflação fechou o ano com alta de 6,29% ante os 10,78% do ano anterior.
De acordo com a divulgação do IBGE, a inflação na região metropolitana de Salvador fechou o ano de 2022 com alta de 6,29%, bem abaixo dos 10,78% vistos no ano anterior. Somente em dezembro, a elevação foi de 0,39%.
O que chegou a ser um grande vilão no início do ano passado, o grupo transportes puxado pela alta dos combustíveis, encerrou 2022 com deflação de 2,4% e de -1,70 no último mês do ano. A medida de redução da alíquota do ICMS foi um dos principais aspectos para a queda nos preços, mas vale ressaltar o preço do petróleo em descendência no mercado internacional.
Entretanto, é importante ficar atento ao possível retorno dos impostos federais sobre os combustíveis, os quais o governo atual decidiu prorrogar a desoneração por 60 dias. “Caso os impostos sejam novamente cobrados, haverá um repasse importante aos consumidores e dificultando um esfriamento ainda maior da inflação”, pontua o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.
A maior alta no ano foi do grupo de vestuário, de 22,39% e com variação de 1,95% em dezembro. Os custos elevados e a demanda aquecida mantiveram os preços mais caros. Porém, não é o grupo que pesa mais no indicador de inflação na região.
O principal grupo de consumo das famílias e que mais pesa no IPCA é o de alimentos e bebidas que registrou aumento médio de 11,87% em 2022 e de 0,84% no último mês. “O período chuvoso desde outubro que atinge boa parte do país tem trazido pressão para os preços nos supermercados. Assim, a expectativa é que continue com aumento neste início de ano nos segmentos de frutas, cereais, legumes e verduras. Só em dezembro, por exemplo, a cebola subiu 14,87% e o tomate 8,22%”, esclarece o economista.
Outro grupo que pressionou a inflação no mês e no ano foi o de saúde e cuidados pessoais, com variações mensais de 10,15% nos perfumes, 5,14% nos produtos de pele e de 4,72% do papel higiênico.
As demais altas no mês foram: artigos de residência (0,95%), despesas pessoais (0,66%), educação (0,29%), comunicação (0,10%) e habitação (0,07%).
De forma geral, o ambiente é mais favorável para a inflação na região com a variação em 2022 menor do que a vista no ano anterior.
“Não deve haver pressões tão significativas como as vistas no ano passado, como no caso emblemático dos combustíveis. No entanto, é importante monitorar os impactos das chuvas, que vem desde o ano passado, nos preços dos alimentos”, destaca Dietze.
Além disso, o economista pontua que esses “são problemas mais pontuais de ajustes de oferta e demanda e que será necessária uma estabilidade maior do clima para ajudar a produção agrícola. Nada que siga num longo prazo, mas que, de qualquer forma, afeta o humor dos consumidores, pois alimentos é o principal destino dos gastos das famílias”, justifica o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.