Combustíveis têm as maiores altas na inflação de baixa renda em Salvador, segundo a Fecomércio-BA
A Fecomércio-BA realizou um levantamento das 5 maiores variações, positivas e negativas, dos itens da inflação de baixa renda na Região Metropolitana de Salvador, no período de janeiro a julho deste ano. Foi observado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC, que capta a variação de preços das famílias com renda de 1 a 5 salários-mínimos.
No geral, o INPC na RMSA sobe 5,09% no acumulado do ano. Das cinco maiores variações no período, três estão ligadas aos combustíveis como o etanol, em primeiro lugar, com alta nos preços de 40,29%, seguido da gasolina (33,14%) e do óleo diesel (26,36%). Além desses, completam a lista a laranja-pera com subida média de preços de 21,99% e o gás de botijão com aumento de 20,93%.
Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, além de variações expressivas, esse grupo de cinco itens em conjunto possuem um peso relevante no INPC, de 8%. De forma simples, significa dizer que de 100 reais gastos pelas famílias da RMSA, R$ 8,00 vão para esses itens.
“Os combustíveis estão sendo pressionados por uma série de fatores, como o aumento do petróleo no mercado internacional, o aumento do preço e da demanda do etanol, além da alta carga tributária sobre o item”, esclarece Dietze.
No sentido contrário, a maior variação negativa do ano é das passagens aéreas com queda de 42,52%. Na sequência vem os itens ligados a alimentação no domicílio: batata-inglesa (35,48%), maracujá (-21%), cenoura (-18,26%) e maçã (-12,32%). “No entanto, o peso desses itens é relativamente pequeno, de 0,7% na composição do 5. Por isso, fica difícil amenizar o aumento geral da inflação na região”, destaca o economista.
“A situação não está fácil para as famílias de baixa renda. Pode-se até pensar que a maioria dessas pessoas utiliza o transporte público e não gasta tanto com diesel e gasolina, por exemplo, quase não impactando no dia a dia”, pontua o consultor econômico.
Porém, os reajustes de tarifas de transportes, tradicionalmente feitos no início do ano, devem ser pressionados pelo aumento expressivo de custos e, por consequência, uma elevação indesejada dos gastos para quem se utiliza do transporte público.
“A inflação mais alta veio para ficar, pelo menos até 2022. É uma questão estrutural e não pontual de fácil solução. Portanto, os consumidores de baixa renda vão ter que fazer escolhas difíceis de corte de gasto para manter a cesta de produtos ou vão buscar crédito como forma de complementar o consumo. De um jeito ou de outro, o desafio é gigantesco para essas famílias que são as que mais vem sofrendo ao longo desta pandemia”, analisa Guilherme Dietze.