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Efeitos da Guerra da Ucrânia chegam ao bolso do consumidor de Salvador em março, avalia Fecomércio-BA.

Sistema Comércio
13 de abril de 2022
Efeitos da Guerra da Ucrânia chegam ao bolso do consumidor de Salvador em março, avalia Fecomércio-BA.

Aumento do petróleo desencadeou o encarecimento de seus derivados como gasolina, óleo diesel e gás de botijão.

Após alta de 0,83% em fevereiro, a inflação na Região Metropolitana de Salvador acelerou em março e registrou variação de 1,53%, acumulando 12,13% nos últimos 12 meses, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE. Os números do mês mostram os impactos negativos da guerra da Ucrânia sobre o bolso dos consumidores.

“O Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, mas não no refino. Por isso, há a necessidade de enviar a mercadoria para o exterior e recomprar pelo preço internacional. Assim, forçou a Petrobras a reajustar os preços da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha”, esclarece o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

O grupo de Transportes obteve acréscimo de 3,48%, responsável por 45% da alta no mês. A gasolina, item individual que mais pesa no IPCA e, por consequência, nos gastos das famílias, subiu 6,74%. O óleo diesel, por sua vez, subiu 14,10%. E se fica caro o preço da gasolina, também contribuiu para aumentar, por exemplo, o transporte por aplicativo. No mês, o aumento foi de 2,24%.

O segundo grupo que mais pesou no IPCA da RMS em março foi o de Alimentos e Bebidas com a alta de 1,89% e impacto de 0,43 ponto percentual. Vale a ressalva que esse grupo é o de maior peso no indicador de preço, com 22,6%. São dois os principais motivos, a alta do óleo diesel que encarece o frete rodoviário, e a alta das commodities agrícolas no mercado internacional, como soja, milho e trigo.

“A Rússia e Ucrânia produzem cerca de 30% do trigo mundial e por isso houve uma explosão no preço internacional. E o consumidor de Salvador também sentiu o efeito. O pão francês, tradicional no café da manhã, subiu 6,23% só neste mês e acumula quase 10% no primeiro trimestre”, lembra o economista.

Além disso, problemas climáticos também contribuíram negativamente para a escalada de preços. O excesso de chuva no início deste ano prejudicou, por exemplo, a plantação de cenoura na região de Irecê (BA) e de São Gotardo (MG). Desta forma, menos oferta gera um preço mais alto na negociação, fora o custo maior do transporte. A cenoura foi o item que mais subiu no mês com 33,91% e acumula no ano 136%.

O grupo Habitação também pressionou a inflação na RMS com a elevação de 1,46% no mês e 0,21 ponto percentual para o índice geral. E o grande vilão foi o gás de botijão com aumento médio na região de 5,18%. Novamente, efeito da alta do petróleo.

As demais altas foram de: Vestuário (1,36%), Saúde e cuidados pessoais (0,76%), Comunicação (0,22%), Educação (0,18%) e Despesas Pessoais (0,17%). Somente o grupo de Artigos de Residência que ficou praticamente estável com variação de -0,02%.

“A inflação deve continuar subindo e pressionando o bolso do consumidor. Contudo, o ritmo deve ser menor do que o visto em março. Isso porque nesse mês foi absorvido praticamente todo o impacto da guerra da Ucrânia e escalada do preço do petróleo, e nos meses seguintes deve ter algo residual somente”, informa Dietze.

Em abril deve aparecer o reajuste dos medicamentos tabelados, ocorrido no início deste mês. As passagens aéreas ainda estão com queda nos preços, mas por uma questão de metodologia do IBGE. A partir de maio deve ser captado o aumento expressivo nos bilhetes devido a alta do querosene da aviação, mais um derivado do petróleo.

“Por outro lado, a redução da bandeira tarifária da energia elétrica, da escassez hídrica para a verde, sem taxa extra, pode contribuir para amenizar a subida dos preços. No entanto, o desconto não deve ser como o desejado. Isso porque ainda haverá a necessidade de pagar pelo funcionamento das termelétricas que usaram óleo diesel mais caro e que não foi repassado na íntegra ao consumidor”, compara o consultor econômico.

O economista destaca ainda que “o efeito foi tão grande que somando o impacto de alimentação, transportes e habitação, eles foram responsáveis por 81% da alta de março”.

Infelizmente, sobram poucas alternativas para o consumidor. Como não melhora o mercado de trabalho como gostaria e não é fácil fazer renda extra, o caminho tem sido pelo aumento do endividamento das famílias.