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Endividamento chega a 63,4% das famílias de Salvador em dezembro, aponta Fecomércio-BA

Comércio
15 de maio de 2021

A retomada da economia, o auxílio emergencial, a entrada do 13º salário e os feirões limpa nome, contribuem também para a redução da inadimplência

No último mês de 2020, 63,4% das famílias de Salvador possuíam algum tipo de dívida, o que corresponde a 588,3 mil famílias endividadas, conforme aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada mensalmente pela Fecomércio-BA. No mês anterior, a taxa havia sido de 65,1% e desde o início do ciclo de quedas, em setembro, a taxa de endividamento caiu 3,5 pontos percentuais ou 32,4 mil famílias que saíram das dívidas.

A inadimplência seguiu a mesma tendência e registrou queda em dezembro ao passar dos 28,8% em novembro para os atuais 27%. Atualmente, são 250,6 mil famílias que não conseguiram pagar a dívida até a data do seu vencimento, 16,6 mil a menos que no mês anterior.

Embora os números mostrem um cenário mais favorável, quando analisados de forma mais detalhada percebe-se que o perfil de quem está endividado piorou. O economista Guilherme Dietze afirma que isso porque o principal tipo de dívida foi o cartão de crédito com 94,1%, maior percentual desde janeiro deste ano. “Lembrando que essa modalidade possui a maior taxa de juros no mercado e normalmente por não terem acesso ao crédito pessoal ou o consignado, com taxas mais modestas, acabam tendo que entrar no rotativo do cartão”, explica.

Outro dado da pesquisa que mostra o quadro ruim de quem está endividado é o percentual da renda comprometida com divida que subiu dos 37,6% em novembro para os 38,2% de dezembro. O patamar considerado adequado é o de 33%.

“Certamente a inflação de alimentos, que está em quase 14% na região de Salvador, está impactando negativamente para o equilíbrio do orçamento

doméstico, principalmente as famílias com renda mais baixa. São elas que estão encontrando dificuldades de reingressar no mercado de trabalho e estão se mantendo, em grande parte, através do auxílio emergencial. Ao possuírem, em média, vários cartões com limites e vencimentos diferentes, terminam por irem se alavancando e, posteriormente, tendem a não ter condições de arcar com esses compromissos”, avalia Guilherme Dietze.

Segundo ele, a taxa de inadimplência por faixa de renda comprova essa dificuldade. Para as famílias com renda abaixo dos 10 salários-mínimos, a taxa está em 31,8%, enquanto a taxa para os que ganham mais é de 5,3%. “Por isso, a importância de se buscar sempre os feirões de limpa nome para sempre ter acesso a crédito e não prejudicar os gastos das famílias”, reforça.

Em linhas gerais, o movimento de redução tanto do endividamento quanto da inadimplência era esperado pela Fecomércio-BA. A recuperação da economia, sobretudo com a geração de empregos, proporcionou uma condição econômica mais favorável às famílias que puderam equilibrar as contas e pagar as dívidas em atraso. O feirão de limpa nome do Serasa também foi importante para a redução do número de famílias inadimplentes, principalmente aquelas com renda mais baixa.

Contudo, o crescimento da segunda onda do coronavírus pode gerar novos problemas em relação a desemprego e renda, porém é importante esperar passar o período de fim de ano e observar o que os gestores públicos devem adotar de medidas e que podem influenciar no ritmo da atividade econômica e, por consequência, na vida financeira das famílias.

 

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