FECOMÉRCIO-BA analisa impactos dos feriados na economia em 2023
No estado, serão 12 feriados prolongados, além das pontes.
O calendário de 2023 começa a chamar a atenção por conta dos 12 feriados que haverá na Bahia, até por conta dos dois anos de pandemia com muitas restrições e um 2022 com poucos feriados.
“De maneira geral, num primeiro olhar das pessoas, se pensa imediatamente em descansar e viajar. No entanto, pelo olhar da economia, há diversos impactos, entre os mais diferentes setores, tanto no sentido positivo quanto negativo”, pontua o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.
Pelo lado positivo, o setor de turismo comemora quando há feriados e a Bahia é um grande beneficiado, dado que o estado é um dos principais destinos dos turistas no país. No setor de serviços, o movimento cresce nos meios de hospedagens, nos transportes, locação de veículos, bares e restaurantes, passeios, entre outros.
E adiciona a essa análise o perfil pós pandemia, dos modelos híbridos e trabalho remoto. Quando há um feriado, por exemplo na quinta com ponte na sexta, atualmente é possível pensar que o turista consiga aproveitar uma semana inteira no destino, realizando suas atividades de forma online e, ao mesmo tempo, contribuindo com a economia local.
Os Shoppings Centers, em grande parte, atraem os consumidores nesses dias de feriado, não somente para a realização de compras, mas pelos serviços ofertados, uma vez que hoje o entretenimento ganhou espaço no estabelecimento, com áreas de recreação infantil, cinemas, restaurantes, jogos eletrônicos, etc.
“Pela ótica do comércio, também é um setor que se beneficia nestes momentos de feriados e pontes, principalmente, nas regiões turísticas, como supermercados, farmácias, lojas de roupas e etc. Até os segmentos de bens duráveis pode aproveitar, como é o caso de eletrodomésticos e eletrônicos, com compras de televisores, ar-condicionado, ventiladores, entre alguns outros itens que possam ser procurados pelos turistas ou por estabelecimentos que os atendem. Porém, são compras mais residuais”, esclarece o economista.
Por outro lado, esses mesmos setores varejistas que se situam em regiões mais corporativas ou em ruas das cidades “normais” tem um potencial maior de deixar de vender nos dias de feriados, pois a circulação de pessoas diminui significativamente.
“Seriam aquelas compras por impulso, na saída do trabalho, na hora do almoço, em que o consumidor passaria por perto e poderia comprar algum alimento, medicamento, roupa, entre outros produtos e não efetuará a compra”, cita Dietze.
Agora, os setores de bens duráveis, de maneira geral, como o de veículos, eletrodomésticos, materiais de construção, na visão do economista, “não sofrerão tanto com feriados porque são compras programadas. O consumidor que tem desejo de comprar uma televisão, fará independentemente de ser feriado ou não”.
Portanto, há uma balança que acaba sendo equilibrada. A renda, de maneira geral, é realoca e não perdida, ou seja, o consumidor que iria gastar num local próximo do trabalho, irá consumir em um serviço numa região de praia, por exemplo. Evidentemente, alguns empresários reclamam e outros vão celebrar, mas a economia geral não perde o seu rumo por conta dos feriados.
Essa discussão sobre impacto dos feriados e possíveis perdas no comércio emergiu em meados da década passada, durante a crise do biênio de 2015 e 2016. Como a renda ficou limitada, devido o alto nível de desemprego, os setores que estavam sofrendo com a economia, sentiam um peso negativo maior quando havia um feriado.
Não faz muito sentido continuar pensando de maneira negativa sobre feriados ou até mesmo com ideias de reduzir ou aumentar o seu número ao longo do ano. O foco precisa ser na recuperação da economia, com mais emprego e mais renda, para que as famílias consigam gastar nos dias úteis o suficiente para atender as metas dos empresários quem enxergam negativamente os feriados e nos dias de feriados e pontes consigam movimentar e agradar os setores relacionados ao turismo.