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Fecomércio-BA lamenta saída da Ford da Bahia e impacto social será relevante

Comércio
15 de maio de 2021

O município de Camaçari, que possui o maior PIB industrial da região Nordeste, perderá a produção dos automóveis e motores da Ford, por uma decisão da empresa que justifica sendo um reajuste do modelo global de produção.

A Fecomércio-BA lamenta a decisão da empresa que possui uma história centenária com o país e de décadas com o estado da Bahia, com capacidade de produção de 250 mil veículos por ano, todavia, desde a crise de 2015/16, a produção já estava muito abaixo do potencial.

Segundo dados do Caged, do Ministério da Economia, em novembro, havia cerca de 4 mil trabalhadores formais na indústria de fabricação de automóveis em Camaçari. São esses que devem ser afetados pelos desligamentos e imaginando uma média de 3 pessoas por família, é possível ter uma noção que pelo menos 12 mil pessoas devem sofrer com a perda da renda familiar.

Além disso, é importante dizer que a cadeia automobilística é grande e relevante e, por isso, o impacto pela saída da Ford é muito maior do que as pessoas podem imaginar. Por exemplo, do ponto de vista econômico, conforme avalia Guilherme Dietze, economista da Fecomércio-BA, “são atualmente pouco mais de mil trabalhadores formais na indústria de peças e acessórios, sem falar nas indústrias de pneus, tecidos para estofados, entre outros produtos que compõem os veículos e que serão forçados a reduzir a produção ou até mesmo ter a decisão pelo fechamento, caso seja totalmente vinculada a cadeia da Ford”.

Outros impactados serão os trabalhadores terceirizados como os de serviços de limpeza, saúde ocupacional, de alimentação, de transportes, que perderão seus empregos neste momento. “Ou seja, é razoável dizer que pelo menos 6 mil famílias serão impactadas pelo fechamento da Ford em Camaçari”, afirma Dietze.

O economista explica ainda que “o grande problema é que a crise do coronavírus impactou – e muito – a economia nacional e regional e, desta forma, as oportunidades de realocação são cada vez menores. Além de que não há uma indústria automobilística na região para que possa agregar os profissionais que serão demitidos”.

Antes de qualquer impacto econômico, o dano social é relevante com famílias, que já estão numa situação de insegurança em relação ao futuro, sofrendo com a perda da renda. O comércio também será um dos setores impactados com a redução de consumo na região de Camaçari, com restrição da renda nos supermercados e farmácias, setores essenciais.

É notório que a saída da Ford não será do continente, mas somente do Brasil, mantendo as produções na Argentina e no Uruguai. De acordo com o presidente da Fecomércio-BA, Carlos de Souza Andrade, “isso traz uma reflexão para o país de que há a necessidade imediata da revisão da carga tributária excessiva, além de uma maior segurança jurídica e econômica, para que o Brasil não perca mais investimentos, e consiga por outro lado atrair mais recursos para geração de emprego e renda, o chamado ‘Custo Brasil’”.

A Fecomércio-BA confia no Governo do Estado da Bahia e na Entidade parceira, a Federação das Indústrias, que consigam reverter a situação e devido aos incentivos dados ao longo da trajetória da empresa no Estado.

O presidente avalia ainda que a Bahia é grande e forte, importante estado para a economia nacional e com potencial. No entanto, no curto prazo a situação requer cuidado com os profissionais que deixarão o seu emprego e perderão uma parcela da renda.