O BRASIL PRECISA VOLTAR A CRESCER
O BRASIL PRECISA VOLTAR A CRESCER
Carlos de Souza Andrade, presidente do Sistema Fecomércio-BA
(Artigo publicado no jornal A Tarde em 20 de maio de 2016)
Após passar por um momento político dramático, no qual se verificou o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a ascensão do vice-presidente Michel Temer, o Brasil precisa voltar os olhos para o futuro e encarar os seus grandes desafios. O momento é de reflexão e não de enfrentamento, por isso as lideranças políticas, empresariais e sindicais patronais e laborais precisam se unir para, juntas, buscar soluções para a crise de graves proporções que afeta o nosso país.
É hora de resolver os problemas, afinal, não é possível continuar com a economia praticamente paralisada, as vendas caindo em todos os setores e o desemprego atingindo a marca de 11 milhões de pessoas. No estado da Bahia todos os setores foram afetados pela recessão e os segmentos produtivos, como a agricultura, o comércio de bens, serviços e turismo e a indústria, lutam para manter a produção e o emprego num cenário econômico de poucas perspectivas.
O desempenho do setor de varejo no primeiro trimestre de 2016, por exemplo, dá a exata medida do efeito da crise em nosso Estado. Nesse período, as vendas do comércio varejista caíram 11,9% e foram eliminados 6,6 mil postos de trabalho com carteira assinada. Esse quadro é, em maior ou menor grau, semelhante em todos os setores, afinal, não se pode manter empregos se não há consumo, nem investimento, se as taxas de juros são altas e o crédito escasso e se não há confiança nas políticas governamentais.
O grande desafio do Governo que ora se inicia é, portanto, restabelecer a confiança e a estabilidade e adotar medidas que possam viabilizar a volta do crescimento econômico o mais rápido possível. E isso precisa ser feito sem que haja aumento de impostos, pois enfraquecido pelo processo recessivo e já arcando com uma carga tributária das maiores do mundo, o empresário brasileiro, especialmente o micro, pequeno e médio, já não suporta mais a ampliação de custos. Nesse sentido, a reforma governamental que se faz imperativa deve ter como eixo primordial o corte de gastos, a eliminação de despesas supérfluas e a otimização da máquina pública. O Estado brasileiro precisa ser capaz de gastar menos do que arrecada e assim reduzir a dívida pública.
É fundamental, ao mesmo tempo, realizar as reformas de base, indispensáveis para que a recuperação econômica tenha sustentabilidade e, nesse sentido, é urgente discutir as reformas previdenciária, tributária e trabalhista e mesmo a reforma política de modo a criar um arcabouço legal mais propício ao crescimento e a estabilidade econômica. Mas é preciso lembrar que o país necessita de medidas imediatas que possam viabilizar uma recuperação mais rápida da economia, melhorando o ambiente de negócios. Assim, tornam-se urgentes ações visando reduzir as taxas de juros, já que a inflação dá sinais de queda, e outras que estimulem o crédito e o consumo sustentado.
Os pequenos e médios empresários que sempre sofrem mais fortemente as agruras da crise precisam ser vistos sob uma nova perspectiva já que são responsáveis pela maior geração de empregos e pela dinamização dos negócios no país. Essas ações voltadas para a recuperação da economia passam também pelo estímulo ao processo de concessões e privatizações, para que se possa transferir para o setor privado o máximo que for possível na infraestrutura.
Em poucas palavras: É preciso que este Governo de transição tenha imediatismo para recuperar um pouco da confiança do mercado e animar investidores e consumidores que hoje estão em compasso de espera por causa das turbulências na política. A Fecomércio-BA se posiciona no sentido de que as lideranças políticas e empresarias deixem de lado as diferenças de ordem política e ideológica e se unam em prol da recuperação da economia brasileira.