Taxa de endividamento em Salvador recua em novembro para 70,3% das famílias, aponta Fecomércio-BA
Feirões de renegociação e a chegada do 13º salário contribuem para a redução do endividamento e inadimplência neste fim de ano.
Em novembro, a PEIC – Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Fecomércio-BA, registrou queda na taxa de famílias endividadas em Salvador, de 71,4% em outubro para os atuais 70,3%. Essa redução representa, em números absolutos, 11 mil famílias a menos para um total de 654,4 mil famílias que possuem algum tipo de dívida.
A inadimplência também recuou no mês, de 32,5% em outubro para os 30,7% de novembro, com 285,8 mil famílias com contas em atraso, 17 mil a menos do que o mês anterior.
“Nesta época do ano, voltam a aparecer com mais destaque os feirões para limpar nome e renegociar dívida. Muita gente aproveita inclusive a chegada do 13º salário para quitar os compromissos atrasados, para posteriormente voltar ao consumo”, ressalta o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.
Outro ponto que pode servir de explicação para a redução do endividamento é o crédito mais caro. Segundo Dietze, “a taxa básica de juros, a SELIC, vem numa escalada ascendente e deve subir para próximo de 9,5% no início de dezembro. Assim, além de deixar produtos mais caros, haverá maior seletividade e menor acesso ao crédito, sobretudo para as compras de bens duráveis”.
Tanto que o endividamento caiu mais nos carnês, tradicional modalidade para compras de duráveis em lojas varejistas, para 10,3% ante os 11,7% de outubro. Já o cartão de crédito continua sendo o vilão do endividamento com 91,2% de famílias endividadas nessa modalidade, muito próximo dos 91,7% do mês anterior.
Chama a atenção também o percentual de famílias endividadas no cheque especial, de 5,1%, maior patamar desde abril do ano passado. Apesar de ser um número menor, a modalidade é extremamente cara e indica o último recurso da família para poder gastar.
“A Fecomércio-BA recomenda que o cheque especial deve ser evitado em qualquer hipótese. Se houver o descontrole e necessitar de recursos extras, busque um crédito pessoal ou consignado que possuem taxas de juros mais adequadas para o seu pagamento”, destaca o economista.
Na análise por faixa de renda, houve caminhos divergentes em novembro. Enquanto que para as famílias com renda mais baixa a taxa de endividamento caiu de 74,1% para 72,7%, para as famílias com renda superior a 10 salários-mínimos a taxa subiu de 42,9% para os atuais 44,1%.
Quando se trata de inadimplência, houve recuo para ambas as faixas, porém, para os que ganham menos de 10 SM a taxa ainda é muito mais alta, 32,9% contra 11,8%.
“Embora as taxas de endividamento e inadimplência estejam acima dos patamares de novembro de 2020, a segunda redução mensal consecutiva é um sinal positivo de que está havendo uma atenção por parte das famílias em querer organizar as finanças e também de quem oferta o crédito querer renegociar”, cita Dietze.
É importante ressaltar que o 13º salário é sazonal e deve ajudar no equilíbrio das contas neste final de ano. Porém os desafios de inflação alta e falta de oportunidade de trabalho devem continuar em 2022, o que mantém o alerta ligado para riscos de inadimplência, até mesmo porque no início do ano chegam as caras e tradicionais contas de IPTU, IPVA e matrícula escolar.
A orientação é utilizar os recursos do 13º salário para pagamentos de dívidas em atraso, contas do dia a dia e planejar os gastos de janeiro. No caso de sobrar após essas deduções, o consumidor poder aproveitar o período de compras de Natal, contribuindo para a recuperação do comércio.