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PEIC | OUTUBRO 2025

PEIC, Pesquisas
22 de outubro de 2025

ENDIVIDAMENTO ATINGE 74,6% DAS FAMÍLIAS EM OUTUBRO, MAIOR NÍVEL DESDE 2011, AVALIA FECOMÉRCIO BA.

Inadimplência sobe pela 3ª vez seguida e fica em 26,5% das famílias de Salvador.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio BA, aponta que o endividamento das famílias em Salvador subiu pelo sétimo mês consecutivo, atingindo 74,6% das famílias em outubro — o maior percentual desde março de 2011. Em termos absolutos, são 703 mil famílias com dívidas na capital baiana, o maior volume desde o início de 2010.

Desde março, quando começou o ciclo de aumento na taxa de endividamento, houve um acréscimo de 92 mil famílias até a pesquisa mais recente, de outubro. Essa alta foi puxada principalmente pelos lares de renda mais baixa, com ganhos de até 10 salários mínimos. Nesse grupo, o endividamento passou de 75,4% em setembro para 77,3% em outubro, enquanto entre as famílias com renda superior a 10 salários mínimos a taxa permaneceu estável, em 45,9%.

O perfil do endividamento em Salvador revela um aumento nas dívidas de curto prazo, sinalizando a necessidade de crédito para pagamento de compromissos mais imediatos. O cartão de crédito segue na liderança, presente em 93,9% das famílias endividadas, seguido pelo crédito consignado, com 7,2%, o maior percentual em três anos. Embora seja uma modalidade de curto prazo, o consignado oferece condições mais vantajosas, já que está vinculado ao salário ou a algum benefício. Na sequência aparecem os carnês (5,2%) e o crédito pessoal (4,9%).

O tempo médio de comprometimento das dívidas vem diminuindo, acompanhando a tendência de captação de crédito de curto prazo. Em outubro, a média foi de 6,4 meses, ante 6,5 meses em setembro, resultado do aumento das dívidas com prazos de até três meses.

O percentual da renda comprometido com dívidas ficou em 30,2%, ligeiramente abaixo dos 30,5% do mês anterior — um sinal positivo, indicando que não há sobrecarga significativa da renda com o endividamento.

Com o aumento do endividamento, também cresceu a inadimplência. Em outubro, 26,5% das famílias possuíam algum compromisso em atraso, a terceira alta consecutiva, superando os 25% registrados em setembro. Isso representa 249,4 mil famílias inadimplentes em Salvador.

Assim como no endividamento, o crescimento da inadimplência foi puxado pelas famílias de renda mais baixa, cujo percentual passou de 27,3% para 29,2% entre setembro e outubro. Já entre as famílias de renda mais alta, houve queda de 6,5% para 5,3%.

Há ainda um grupo de 11,7% das famílias que declara não ter condições de quitar as dívidas em atraso — o maior índice em dois anos, representando 110 mil lares soteropolitanos em situação mais delicada.

O perfil dos atrasos também tem se deteriorado, conforme observado em análises anteriores da Fecomércio BA. Em outubro, o tempo médio de atraso chegou a 68,5 dias, o maior desde 2013. Metade das famílias inadimplentes afirma estar com compromissos vencidos há mais de 90 dias, enquanto diminui o número de atrasos inferiores a três meses. Quanto maior o tempo de inadimplência, mais difícil se torna o acerto das contas, pois os juros elevados no país fazem a dívida crescer rapidamente. Por isso, é importante que as famílias aproveitem os tradicionais feirões de renegociação de fim de ano.

O mercado de trabalho aquecido na região tem permitido, ao menos, que o aumento do endividamento ocorra em modalidades menos arriscadas, como o crédito consignado. O problema é quando esse movimento vem acompanhado pelo crescimento da inadimplência, o que indica que a situação financeira das famílias continua fragilizada — apesar da inflação na região estar em tendência de queda. É necessário, portanto, que os preços se mantenham estáveis por um período mais longo e, sobretudo, que os juros recuem para que se projete um cenário mais favorável para a PEIC no médio prazo.

Um ponto positivo neste fim de ano é a injeção do 13º salário, que pode ajudar parte das famílias a regularizar compromissos em atraso. No entanto, o aumento da inadimplência pode funcionar como um freio para o consumo nas vendas de fim de ano — não necessariamente provocando queda nas vendas, mas limitando um crescimento mais expressivo.

 

 

 

 

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