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Alimentos e saúde pressionam inflação de abril na região metropolitana de Salvador, avalia Fecomércio-BA

Comércio, Economia, Sistema Comércio
16 de maio de 2024
Alimentos e saúde pressionam inflação de abril na região metropolitana de Salvador, avalia Fecomércio-BA

Preocupações com as consequências das enchentes no Rio Grande do Sul ligam o alerta para a inflação nos próximos meses

Na divulgação mais recente do IBGE, a inflação da RMS – Região Metropolitana de Salvador volta a acelerar após a baixa variação em março, passando de 0,16% para 0,64% em abril. No acumulado em 12 meses, a variação está em 3,49%.

Dois grupos foram responsáveis por 73% da alta no mês: Alimentação e Saúde. O primeiro apresentou variação mensal de 1,07% e impactou com 0,24 ponto percentual no resultado geral. Já no segundo, a variação foi até mais elevada, de 1,42%, porém devido ao seu peso menor no indicador, a sua participação absoluta foi de 0,22 p.p.

No caso de Alimentos & Bebidas, além da forte elevação em abril, os aumentos foram vistos numa ampla lista de produtos, o que reforça a preocupação da Fecomércio-BA em relação ao impacto no orçamento domésticos, pois há redução no efeito substituição. O destaque no mês foi na combinação mais básica da culinária, a cebola (25,35%), seguido do tomate (22,11%) e do alho (18,86%). Outras altas observadas foram das frutas como o mamão (9,49%) e do leite longa vida (7,30%). As carnes de maneira geral têm ajudado no sentido contrário, com retração mensal de 2,64%.

Os efeitos do El Niño com a redução da oferta de produtos agrícolas pelo País desde o final do ano passado, somado ao encarecimento do frete com o óleo diesel ainda caro, têm trazido consequências negativas nas gôndolas dos supermercados.

Para o grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, a alta de abril de 1,42% já era esperada pelo tradicional reajuste anual dos medicamentos, o que não deve trazer mais pressões nos próximos meses. No mês, houve registro de aumento médio de 6,02% no antidiabético, de 5,44% no hipotensor e de 4,97% nos psicotrópicos, além do aumento de 6,68% nos produtos dermatológicos.

Outra alta importante no mês foi do grupo de Transportes, de 0,49%, puxado pela variação de 4,39% no preço médio do etanol. A gasolina também pressiona com a alta mensal de 2,37%, tal como o óleo diesel com elevação de 1,78%. Já pelo lado dos Serviços houve deflação de 9,91% nos aluguéis de veículos e de -8,11% nas passagens aéreas.

Os demais incrementos foram em: Comunicação (0,83%), Habitação (0,28%), Despesas Pessoais (0,19%), Educação (0,11%) e Vestuário (0,04%).

Somente o grupo Artigos de Residência apresentou recuo em abril, de -0,56%, derivado das retrações de móveis para sala (-2,67%), utensílios de vidro e louça (-2,34%) e de computador pessoal (-2,20%).

Embora a inflação acumulada na RMS esteja abaixo da vista no mesmo período do ano passado, de 5,2%, os preços não estão dando o alívio esperado, sobretudo nos principais grupos de consumo das famílias, alimentação, transporte e saúde, o que traz uma sensação negativa da população em relação ao seu orçamento doméstico.

Adiciona-se, obrigatoriamente, a esse cenário a catástrofe natural que vem ocorrendo no Rio Grande do Sul. “Por mais que já tenham anunciado que não há preocupação em relação a produção e ao estoque de arroz, fica a dúvida sobre o possível impacto para a próxima safra, não somente desse grão, mas de soja, trigo, uva, entre outros alimentos. Não se sabe ainda a qualidade do solo para a plantação, se terá condições para o plantio e a que custo de preparação do terreno”, explica o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

Guilherme complementa: “As pessoas de outras regiões do país podem até pensar que deve haver pouco impacto nos preços de alimentos, mas, por exemplo, se havia uma demanda de determinado produto dos estados próximos, Santa Catarina e Paraná, e a cadeia logística foi interrompida, haverá a necessidade de busca por outros mercados”. Ou seja, já há um problema de equilíbrio de oferta desde o final do ano passado por conta do El Niño, que pode ser agravado pelo fato que esses mercados precisarão suprir a demanda em outros centros, podendo causar pressão nos preços em todo o País.

Portanto, na avaliação da Fecomércio-BA, a situação ainda requer muito cuidado e não há sinais claros de desaceleração dos preços. Os dados da entidade mostram que há uma priorização dos gastos, dado o crescimento no faturamento de forma mais expressiva em supermercados e farmácias no primeiro trimestre deste ano. “O que vem segurando as despesas domésticas, pelo menos, é o quadro muito positivo do mercado de trabalho”, destaca o consultor econômico.