COMÉRCIO AGOSTO 2023
COMÉRCIO BAIANO CAI 0,6%, MAS COM MAIORIA DOS SETORES COM CRESCIMENTO ANUAL, CALCULA FECOMÉRCIO-BA
Término do programa de desconto dos carros populares afeta desempenho geral do setor.
Em agosto, o comércio da Bahia faturou praticamente 12 bilhões de reais, queda tímida de 0,6% na comparação com igual período do ano passado, de acordo com o levantamento mensal da Fecomércio-BA com base nos dados do IBGE. No acumulado do ano, o varejo fica praticamente estável, com variação mínima de -0,1%.
O ponto importante e que ajudou no resultado negativo no mês foi do término, ainda em julho, do programa de desconto dos carros populares. Desta forma, com os preços normalizados certamente tirou a atratividade que havia e diminuiu a demanda, levando a uma queda anual de 4,3% no segmento de veículos, motos, partes e peças.
O grupo outras atividades seguiu essa tendência e registrou queda de 11,3% na comparação com agosto de 2022. Apesar do comércio de combustíveis e lubrificantes ter preponderância nesse conjunto, os preços de gasolina e etanol, por exemplo, praticados na região, já estão até pouco acima do visto um ano anterior o que não justifica mais a questão de valor como vinha sendo nos meses anteriores.
Então, se os preços estão equivalentes e a movimentação de veículos continua em expansão, dada a retomada da economia, é de se pensar que outros segmentos tenham exercido algum tipo de influência com queda nas vendas e fechamento de lojas. Constam nesse grupo atividades como lojas de artigos esportivos, joalherias, lojas de artigos pet, entre outros.
Completa a lista dos setores com queda, o de vestuário, tecidos e calçados, com variação de -11,5% no contraponto anual. Embora tenha sido o percentual mais elevado, o seu faturamento de R$ 405 milhões,
relativamente baixo, gerou um efeito menor para o desempenho geral. A queda nos preços também é um fator que ajuda a entender essa dinâmica de movimentação financeira mais baixa.
No sentido oposto, o destaque foi o setor de farmácias e perfumarias, com crescimento anual de 8,3% e faturamento de R$ 925 milhões, recorde para o mês desde o início da série histórica iniciada em 2011. Os preços altos, demanda aquecida, abertura de lojas e sendo um setor essencial, são fatores que ajudam a entender esse comportamento das vendas.
As vendas nos supermercados subiram 4,8% no mês e o faturamento chega a R$ 4,63 bilhões, 213 milhões de reais a mais do que no ano anterior. A deflação que vem acontecendo no segmento de alimentação e bebida tem permitido uma recomposição da cesta das famílias, aumentando quantidade e melhorando qualidade.
Outra alta relevante foi das lojas de materiais de construção, de 6,1%. Contudo, a base de comparação é frágil derivado do período de juros elevados e impacto no mercado imobiliário e da construção. O faturamento no mês foi de R$ 994 milhões.
As demais altas foram de: móveis e decoração (4,1%) e eletrodomésticos e eletrônicos (0,7%).
De fato, o desempenho do comércio baiano está aquém do esperado pela Entidade, até por conta da recomposição importante do poder de compra das famílias. No entanto, é compreensível que, diante de um cenário de juros elevados e priorização no pagamento de contas em atraso, haja um ritmo menos intenso nas compras no varejo. Além disso, a melhora na renda não significa um aumento imediato no consumo no comércio, podendo ser levado em consideração a expansão dos gastos no setor de serviços.
Portanto, ter a maioria dos segmentos do varejo desempenhando com crescimento no faturamento, num cenário não sendo o dos mais favoráveis, é para se analisar positivamente. Gradativamente, os consumidores baianos vão liquidando a sua dívida em atraso, vão ter melhores condições de crédito por conta da redução de juros e receberão o seu 13º salário, potencializando os ganhos para o final do ano.