Economia Baiana | JAN- MAI 2023
Fecomércio-BA aponta crescimento dos setores do Comércio, Serviços e Turismo no Estado, neste primeiro semestre
A indústria, por outro lado, segue com quedas.
Embora os dados do 1º semestre não tenham sido divulgados totalmente, o que se tem até o mês de maio, é um cenário muito favorável para a economia baiana. O balanço feito pela Fecomércio-BA com base nas informações do IBGE mostram que os principais setores do estado estão com crescimento forte em relação ao mesmo período do ano passado.
Os serviços, de maior peso na região, com 46% do PIB do estado (excluindo administração pública, educação, saúde e defesa), registraram crescimento de 7,8% no primeiro quadrimestre deste ano. A atividade está no seu maior nível desde 2017. E basicamente, todos os segmentos analisados pelo IBGE na área de serviços estão apontando para o campo positivo.
A maior variação nos primeiros quatro meses foi de Serviços de Informação e Comunicação, de 12,6%, seguido de 9,1% de outros serviços que englobam inúmeras atividades heterogêneas. Além desses, houve aumento no período de 8,4% nos Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares, de 6,8% para o grupo de Transportes e Serviços Auxiliares e, por fim, alta de 6,5% para serviços prestados às famílias.
Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, “esse último está relacionado ao turismo, pois trata-se de Hospedagem, Alimentação, entre outros segmentos. E, de fato, o turismo é um motor de crescimento para o estado. De janeiro a maio, houve elevação de 12% favorecendo a atividade ao seu maior nível já registrado para o período, desde 2011, quando o IBGE passou a observar os dados do setor”.
Pelo lado do Comércio, as vendas no estado cresceram 3,2% no primeiro quadrimestre. Vale ressaltar que a maioria dos segmentos está com aumento anual no desempenho, e apesar dos Supermercados estarem apresentando uma variação mais modesta, de 2,5%, o nível histórico é um dos mais elevados e o seu peso para o comércio na região chega a 50%.
Além dele, o setor de Farmácias supera em 0,7% o resultado do ano passado, e o setor de Combustíveis e Lubrificantes aponta crescimento de 20,1% no período.
A indústria é o único grande setor que está no campo negativo no estado. De janeiro a maio, houve retração de 3,7%, com destaque para a forte queda de 38,8% da indústria extrativa e de 18% na fabricação de máquinas e materiais elétricos. A chegada da montadora BYD na Bahia pode ser um alento para a indústria no estado.
“O nível de atividade do setor é um dos mais baixos da série histórica. A desindustrialização é um processo que vem ocorrendo há anos no país. Porém, os parques industriais são importantes geradores de emprego direto e indireto e precisam ser incentivados, pois, como consequência, afeta – positivamente – os demais setores da economia como Comércio e Serviços”, destaca o economista, Guilherme Dietze.
Segundo Dietze, o cenário na média geral é favorável e são várias as explicações que levam a esse contexto de crescimento, a saída da pandemia é uma delas. “Foram quase 3 anos com níveis diferentes de intensidade, mas que os negócios foram afetados. Agora, sem nenhum impacto a mais, a economia se desenvolve de maneira sólida e os empresários buscam oportunidades de investimento e de empreender, movimentando mais a região”, salienta Dietze.
O emprego também é um importante fator de impulso econômico. No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desocupação no estado foi de 14,4%. Embora tenha sido um pouco mais elevada do que a anterior, de 13,5% do último trimestre de 2022, a taxa atual está no menor nível para o período desde 2015.
Ao mesmo tempo, a inflação está desacelerando. Na região metropolitana de Salvador, o IPCA acumula alta de 3% no primeiro semestre, muito acima dos 6,60% vistos no mesmo período do ano passado.
“Dessa forma, com mais emprego e preços mais acomodados, permite que haja um aumento não só do rendimento médio real dos trabalhadores, mas da massa de rendimentos, que são os recursos disponíveis para as pessoas.
Em um ano, por exemplo, houve aumento real de um bilhão de reais na massa efetivamente recebida pelo grupo que estava ocupado”, pontua o consultor econômico.
E os dados da Fecomércio-BA chegam para consolidar e confirmar o quadro positivo. A inadimplência em Salvador chegou a bater 44% dos lares no final do ano passado e está agora, em junho, em 31,2%. E o índice de Intenção de Consumo das Famílias, o ICF, cresce 22% e registra a maioria das famílias soteropolitanas otimistas com as suas condições econômicas, relativas ao emprego, renda e consumo.
“Até aqui foi possível verificar que o primeiro semestre foi para a economia baiana comemorar, o que não quer dizer, por outro lado, que esteja num mundo ideal, sem problemas. Os juros elevados têm sido um grande impeditivo para um crescimento mais forte, tanto dos investimentos quanto do consumo. Porém, dada a indicação de redução da taxa SELIC na próxima reunião do COPOM, no início de agosto, trata a sinalização de crédito relativamente mais barato no segundo semestre” explica Dietze.
O consultor econômico ainda retifica que, “evidentemente, os efeitos de um corte de juros não são imediatos, mas de um médio prazo, em torno de 6 meses. De qualquer forma, com as condições mostrando um mercado de trabalho aquecido com a inflação para baixo, a curva de redução da SELIC virá para impulsionar ainda mais a atividade econômica brasileira e baiana. Portanto, com o olhar para o segundo semestre, os números e tendência apontam para a continuidade de melhor, com um ritmo ainda mais forte”.