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ICEC | JUNHO 2023

ICEC
26 de junho de 2023

CRESCIMENTO NAS VENDAS NÃO REFLETEM NO AUMENTO DA CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO, APONTA FECOMÉRCIO-BA

Custo operacional e financeiro dificultam a rentabilidade no comércio.

A Fecomércio-BA tem divulgado ao longo dos últimos meses o desempenho mensal das vendas no comércio baiano. De fato, o resultado tem sido positivo, com uma expansão no primeiro quadrimestre de 1%. No entanto, esse quadro não tem se refletido no aumento do otimismo do empresário do setor em Salvador, pelo contrário.

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), elaborado mensalmente Entidade, por exemplo, registrou, em junho, queda de 2,5% na comparação mensal ao passar de 112,9 pontos em maio para os atuais 110,1 pontos. Essa foi a 5ª queda consecutiva e acumula perda de 10,5% no ano. O atual patamar está 5,9% abaixo do visto no mesmo período do ano passado, de 117 pontos.

O ICEC varia de 0 a 200 pontos, sendo que entre o intervalo de 100 a 200 pontos é considerado um patamar de confiança dos empresários de Salvador e, de 0 a 100 pontos, nível de pessimismo. Quanto mais perto dos extremos, 0 e 200 pontos, mais confiante ou mais pessimista estará o empresário do comércio.

Quem puxou o resultado negativo no mês foi o sub-índice das condições atuais do empresário do comércio, o ICAEC, que caiu 4,7% em junho e volta para os 83,9 pontos. No contraponto anual houve recuo de 14%. Embora o pessimismo esteja mais elevado em relação a economia geral, está piorando também na avaliação do próprio negócio, -6,6%.

Isso é um sinal claro de que o resultado financeiro está das empresas está apertado. A Fecomércio-BA vem alertando para esse cenário. O aumento do faturamento não se traduz necessariamente em aumento de lucro. O alto custo operacional, como o pagamento de colaboradores e a compra de estoques, e o financeiro, de obtenção de crédito, tem trazido grandes desafios na ponta para o empresário manter o negócio rentável. As margens estão apertadas e o consumidor não voltou com a força total.

Diante de uma avaliação mais pessimista do presente, é natural que se ajuste também as considerações em relação ao futuro próximo. O sub-índice de expectativa do empresário do comércio (IEEC) recuou 1,3% e retorna aos 148,2 pontos, patamar -2,7% inferior ao visto em junho do ano passado.

Como a queda de juros não terá efeito de curto prazo, caso o Banco Central decida por reduzir a SELIC em agosto, o custo financeiro continuará elevado, o que dificulta um olhar mais favorável para o longo prazo.

A equalização do fluxo financeiro é um grande desafio no dia a dia das empresas, pois os recebimentos dos consumidores estão sendo, em grande parte, de forma parcelada e, ao mesmo tempo, s compromisso das empresas são de curto prazo. Muitas empresas precisam de recursos de capital de giro para fechar as contas do mês e essa modalidade está muito cara no mercado financeiro, reduzindo o retorno dos empresários.

Desta forma, com um olhar menos otimista para os negócios e a economia, também tem tido reflexos na redução na intenção de contratação de funcionários (-4,8%) e no nível de investimento das empresas (-2,9%). Essas duas quedas contribuíram para a retração do sub-índice de investimento do empresário do comércio (IIEC).

Um dado relativamente positivo é que os estoques estão equilibrados, com 61% considerando que estão adequados. Ou seja, não tem nem muito estoque sobrando ou faltando, o que poderia gerar mais problemas para as vendas. Isso permite uma continuidade positiva nas vendas para os próximos meses, dado a maior capacidade de consumo das famílias.

Portanto, as vendas no comércio da Bahia estão positivas, puxadas pela recuperação do poder de compra das famílias, com o mercado de trabalho aquecido, inflação controlada e queda na inadimplência. Os custos para os empresários estão com dificuldade para cair. O que poderia ajudar, e muito, seria a redução de juros. No entanto, a previsão, a princípio, é só para agora. Até lá, o empresário de Salvador terá que achar as saídas de redução de custos, de fortalecer o fluxo de caixa com incentivo a

pagamento à vista, no PIX, para buscar melhorar a rentabilidade nos negócios.