ICEC | SETEMBRO 2025
CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO DO COMÉRCIO RETRAI 3,7% EM SETEMBRO, APONTA FECOMÉRCIO BA
Os empresários estão aumentando o grau de cautela em relação à economia e ao seu próprio negócio. Desaceleração e juros altos contribuem para esse cenário.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), elaborado mensalmente pela Fecomércio BA, registrou queda de -3,7% em setembro, passando de 106,4 pontos em agosto para 102,5 pontos — o menor nível desde março deste ano. No comparativo anual, a redução foi de -2,7%.
O ICEC varia entre 0 e 200 pontos. Resultados acima de 100 indicam confiança dos empresários do comércio de Salvador, enquanto pontuações abaixo desse patamar refletem pessimismo.
O que chama a atenção é o aumento do pessimismo em relação à conjuntura atual. O Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) caiu -5,2%, voltando a 78,6 pontos. A percepção mais negativa está voltada para a economia (60,7 pontos), enquanto a avaliação das empresas comerciais se mantém em patamar relativamente melhor (98,3 pontos).
Mesmo em relação ao médio e longo prazo, o otimismo também diminuiu. O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) recuou -4,6%, passando de 136,9 para 130,6 pontos. Na comparação com setembro de 2023, a queda é ainda maior, próxima de -10%. Esse subíndice repete a lógica do anterior: visão mais negativa sobre a economia em geral, mas avaliação mais favorável para o setor e para as próprias empresas.
O Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) apresentou retração de -1,1% frente a agosto, alcançando 98,4 pontos. O destaque negativo foi o item situação atual dos estoques, com queda de -1,4%, refletindo o aumento no número de empresários que consideram estar acima do adequado — sinal de que as vendas podem estar abaixo do esperado. Por outro lado, esse cenário pode abrir espaço para promoções e liquidações nas próximas datas comemorativas, especialmente o Natal, contribuindo para a renovação de estoques.
Ainda nesse subíndice, houve queda de -1% no indicador de contratação e de -0,9% no item nível de investimento das empresas. A postura mais cautelosa, diante da perspectiva de vendas aquém do previsto, justifica ajustes em estratégias de contratação e de investimento. A expectativa, no entanto, é de um salto nas intenções de contratação em novembro, em função da demanda típica do fim de ano.
O cenário inspira cautela: o país atravessa um momento de desaceleração econômica, juros elevados e ascensão da inadimplência, o que restringe o consumo das famílias em Salvador. Para o curto prazo, não há sinais claros de reversão. Contudo, a desaceleração dos preços pode pressionar o Banco Central a reduzir a taxa de juros, o que teria efeito positivo em toda a cadeia produtiva, contribuindo para recuperar o ânimo do empresariado no futuro próximo.

