ICF 2021 | OUTUBRO
INTENÇÃO DE CONSUMO RECUA 0,5% EM OUTUBRO, APONTA FECOMERCIO-BA
Indicador permanece praticamente estável desde maio. Inflação e desemprego são os fatores que limitam o avanço do ICF.
Em outubro, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, apontou leve queda de 0,5% ao passar dos 77,2 pontos em setembro para os atuais 76,8 pontos. Na comparação com igual período de 2020, há um crescimento de 13,3%, quando o ICF estava nos 67,8 pontos.
O ICF varia de 0 a 200 pontos, sendo de 0 a 100 considerado patamar de satisfação das condições econômicas das famílias, e de 100 a 200, nível de insatisfação.
Já é o sexto mês que o indicador fica oscilando nas casas do 75 e 77 pontos, ou seja, estagnado. E isso é decorrência do cenário econômico que prejudica o dia a dia do consumidor, com destaque para a inflação que sobe 9,54% em 12 meses, na Região Metropolitana de Salvador.
Tanto que o item Renda Atual cai pelo segundo mês consecutivo e atinge 87,7 pontos, queda de 1,3% na comparação com setembro.
E com a maior insegurança na renda, 76,2% das famílias soteropolitanas estão considerando um mau momento para compras de bens mais caros, como eletrodomésticos e eletrônicos. O item Momento para Duráveis recuou 10,2% e volta para os 44,7 pontos, item com pior avaliação do ICF no mês.
Outros fatores ajudam a reduzir a intenção de consumo de bens duráveis. Um deles é o preço dos produtos eletroeletrônicos que subiram demasiadamente por conta do dólar mais caro. Vários dos componentes são importados e estão em falta, prejudicando a oferta de produtos. E vale ressaltar que com os juros aumentando, ficará mais caro realizar compras financiadas e parceladas.
Os itens relacionados ao consumo, Nível de Consumo Atual e Perspectiva de Consumo recuaram -0,6% e -4,7%, respectivamente. O primeiro está nos 72 pontos e o segundo com 83 pontos em outubro. Esse dado poderia trazer um alerta para as vendas de final de ano. No entanto, ainda não foi captado o momento da chegada do 13º salário, animando um pouco mais os consumidores no final do ano.
Como foi abordado, as famílias estão com cautela na compra de produtos financiados no médio e longo prazo, com medo do seu nível de renda e não por uma possível restrição de crédito. Até porque, as famílias estão encontrando facilidade na contração de crédito para compras à prazo, tal como mostra o item Acesso a Crédito que ficou praticamente estável (+0,2%) e registra 98 pontos, o patamar mais alto entre os itens analisados no mês.
E parece que o cenário de insegurança no emprego, receio de ser demitido, está diminuindo. Os itens Emprego Atual (87,2 pontos) e Perspectiva Profissional (64,8 pontos) subiram 3,4% e 8,2%, respectivamente. A diferença de pontuação, com maior patamar do item presente, pode ser explicada por menor risco de perder o atual cargo, porém, para melhorar a situação, com aumento de salário ou cargo superior, será um cenário mais difícil de acontecer nos próximos seis meses.
Não há dúvidas de quem sente mais o atual momento de inflação elevada são as famílias com renda mais baixa. O ICF para o grupo de famílias que ganham até 10 salários-mínimos foi de 72,8 pontos, recuo de 0,6%. Enquanto para a faixa superior a esse montante, o índice registrado foi de 119,4 pontos, leve retração de 0,4%.
Pelo andar da economia, o ICF deve permanecer por um bom tempo oscilando no patamar atual, pouco abaixo dos 80 pontos. A inflação tende a continuar pressionando o orçamento das famílias, pelo menos, até meados de 2022. E com a taxa de juros da economia subindo, deve frear o crescimento no próximo ano. Ou seja, sem grandes perspectivas de uma possível recuperação das condições econômicas que pudesse engatar uma avanço mais expressivo do indicador de intenção de consumo.