ICF 2021 | SETEMBRO
FAMÍLIAS DE SALVADOR AUMENTAM INTENÇÃO DE CONSUMO EM SETEMBRO, APONTA FECOMERCIO-BA
No entanto, famílias ainda estão insatisfeitas com as condições econômicas, com aumento do medo em relação ao emprego.
Em setembro, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, registrou leve aumento de 2% em relação a agosto e atinge os 77,2 pontos ante os 75,7 pontos de agosto. No contraponto anual, o avanço foi mais significativo, de 21,2%, quando o ICF estava nos 63,7 pontos.
Dos sete itens avaliados pelo indicador, o Nível de Consumo Atual foi o que registrou o maior avanço mensal, de 9% e sobe para os 72,5%. A melhora está relacionada a dois fatores: inflação e ampliação da abertura do comércio. Na RMS, os preços sobem 9,08% em média, nos últimos 12 meses e, desta forma, as famílias estão tendo que gastar mais em produtos de alimentação, combustíveis e contas domésticas, do que um ano atrás. Além disso, com a ampliação do funcionamento do comércio levou ao aumento de circulação e, como consequência, um consumo mais alto.
Para os próximos meses a tendência é de melhora relativa. O item Perspectiva de Consumo cresceu 5,4% e atinge os 87,1 pontos. Pode ser entendido que a época de Natal está mais próxima, e com a chegada do 13º salário em novembro os consumidores tendem a se animar mais.
No entanto, a grande maioria, 73,8% dos entrevistados, ainda dizem que é um mau momento para compras de geladeiras, fogões, televisores e etc. O item Momento para Duráveis teve leve aumento de 2,5%, mas é o item com pior avaliação no mês, de 49,7 pontos.
Mesmo encontrando mais facilidade de obtenção de crédito para compras a prazo, o consumir se mostra cauteloso na aquisição de bens com preços mais altos. O item Acesso a Crédito registrou aumento de 5,2% e com 97,9 pontos, o mais elevado entre os itens analisados pelo ICF.
A explicação pôde ser vista na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, a PEIC, também da Fecomércio-BA. As famílias estão se endividando mais no cartão de crédito e nos carnês para conseguir manter o consumo básico, ou seja, crédito para os gastos do dia a dia.
Até porque a inflação tem corroído a renda e a sensação é de piora. O item Renda Atual recuou 2,4% e volta aos 88,8 pontos em setembro. Agrega ao medo do aumento de preços o risco de perder o emprego em um cenário de incertezas econômicas.
Os itens relacionados ao emprego, Emprego Atual (84,4 pontos) e Perspectiva Profissional (59,9 pontos) retraíram -0,9% e 5%, respectivamente. O ponto negativo é que o segundo item, além de ter atingido a nova mínima histórica, é o único que recua em relação a setembro de 2020, -18,1%, sinal claro de que a retomada da economia neste ano está muito menos favorável da que ocorreu no segundo semestre do ano passado.
O aumento do ICF foi visto em ambas as faixas de renda analisadas pela pesquisa. Para o grupo de renda até 10 salários-mínimos a alta foi de 2,1%, enquanto para os que ganham mais o índice avançou 1,1%. Porém, há uma grande diferença na pontuação, de 73,2 pontos para o primeiro e 119,8 pontos para o segundo. Ou seja, as famílias de renda mais baixa ainda se situam no patamar de insatisfação com as suas condições econômicas, o que é normal o entendimento, pois a inflação aperta mais exatamente para este grupo social.
Desde maio que o ICF está oscilando pouco abaixo dos 80 pontos e não consegue encontrar forças para ultrapassar esta barreira. As incertezas da economia com inflação alta e desemprego batendo na porta são limitadores do avanço do indicador. Enquanto não houver clareza do cenário, com investimentos pesados, dificilmente o quadro se expandirá de forma consistente.
Pode haver um ânimo maior no período de fim de ano. Porém, com o aumento dos juros a economia deve esfriar no início de 2022 e mantendo os preços elevados, o que irá prejudicar ainda mais o equilíbrio do orçamento doméstico.
Portanto, é importante que a família faça o seu dever de casa, encontre formas de economia, sobretudo a de energia para conseguir desconto no valor, além de evitar o endividamento se não tiver condições de arcar com os compromissos. Situação é desafiadora e requer muito cuidado.