ICF 2022 | FEVEREIRO
INTENÇÃO DE CONSUMO CRESCE 1,5% EM FEVEREIRO COM CONSUMIDORES MAIS SEGUROS EM SEUS EMPREGOS, APONTA FECOMERCIO-BA
Mais segurança no emprego não se reverte em aumento de consumo.
O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, registrou aumento mensal de 1,5% em fevereiro em relação a janeiro e atinge 83,1 pontos, maior patamar desde março do ano passado (87,2 pontos). Na comparação com o mesmo período do ano passado, o ICF teve leve queda de 0,7%.
Embora seja a quarta alta consecutiva, há uma clara assimetria no desempenho dos itens que compõem o ICF. Por exemplo, no lado positivo, quem puxou o indicador foram – novamente – os itens relacionados ao emprego: Emprego Atual e Perspectiva Profissional.
O primeiro registrou alta de 5,2% e atingiu os 109,7 pontos, maior nível desde abril de 2020. Está havendo mais segurança no emprego, não necessariamente no sentido de melhora, mas de que o cenário negativo, de possível demissão, já passou.
Tanto que o segundo, Perspectiva Profissional, apesar de ter indicado alta de 7%, ainda está abaixo dos 100 pontos, na zona de insatisfação, com 88,2 pontos. Ou seja, há somente uma redução do pessimismo em relação a melhora profissional do responsável do domicílio em Salvador.
Outra alta foi do item Momento para Duráveis de 2,4%. No entanto, é o item com a pior avaliação do ICF com 42,4 pontos. São 76% que ainda dizem ser um mau momento para compras de produtos como geladeira, fogão, televisor, etc. A melhora residual pode ser entendida pelo momento, em que alguns consumidores encontram preços atrativos em algumas liquidações de início de ano.
O item Renda Atual subiu 0,5% ao passar de 94,9 pontos em janeiro para os atuais 95,4 pontos. O reajuste do salário mínimo gerou um alívio para as famílias na proteção contra a inflação.
Já no sentido contrário, o destaque foi o item Acesso a Crédito que retraiu 3,1% em fevereiro a voltou aos 94,4 pontos. Com o aumento da taxa de juros para quase 11% e o número de famílias inadimplentes nas máximas históricas, é natural que haja uma maior seletividade por parte dos bancos ao conceder crédito. Desta forma, os consumidores avaliam a maior dificuldade de obtenção de financiamento para compras a prazo.
As demais quedas foram dos itens ligados ao consumo: Nível de Consumo Atual (65,2 pontos) e Perspectiva de Consumo (86,2 pontos). O primeiro recuou 0,4% e o segundo, -0,9%.
Fica claro que a maior segurança no emprego não está se revertendo em aumento de consumo. Os dados do comércio divulgados pela Fecomércio-BA comprovam isso, de vendas mais fracas do que o esperado.
O fato é que as famílias estão muito endividadas e, desta forma, o dinheiro que sobra está indo para acertar as contas. E a pressão é ainda maior sobre as famílias de renda mais baixa, abaixo dos 10 salários-mínimos, pois o ICF está em 80 pontos, muito abaixo dos 115,5 pontos do índice de intenção de consumo das famílias com renda mais alta.
Enquanto não houver uma geração mais forte de emprego para dar um fôlego financeiro às famílias, o cenário não deve se alterar tanto. O problema é que as perspectivas não são as mais otimistas, pelo contrário. Com aumento dos juros, vai enfraquecer não somente o consumo, mas os investimentos que seriam fundamentais para uma tração maior da economia e das vendas.