ICF 2021 | AGOSTO
FAMÍLIAS ATINGEM RECORDE DE PESSIMISMO EM RELAÇÃO AS OPORTUNIDADE DO MERCADO DE TRABALHO, APONTA FECOMERCIO-BA
Insegurança no emprego e expectativa negativa de novas oportunidades de emprego continuam sendo o grande desafio das famílias.
O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, ficou tecnicamente estável em agosto. No mês, a pontuação foi de 75,7 pontos, ante os 75,3 pontos de julho, ligeiro aumento de 0,5%. Na comparação com igual período do ano passado, a variação é positiva e expressiva, de 23,4%. Mas vale lembrar que neste período de 2020, a situação da pandemia ainda era crítica.
Houve uma divisão nos resultados, com quatro dos sete itens analisados no campo positivo e três no negativo. O destaque positivo foi do item Momento para Duráveis com alta mensal de 12,2% e atinge os 48,5 pontos. Apesar da melhora, é o item com a pior avaliação no mês. Cada vez mais os consumidores vão reduzindo o pessimismo nas compras de produtos como geladeira, fogão, televisor, etc.
Outra elevação significativa foi do item Perspectiva de Consumo que avançou 10,5% ao passar de 74,8 pontos em julho para os atuais 82,7 pontos. Esse aumento pode estar relacionado a inflação, pois como está havendo um aumento importante dos preços, sobretudo dos produtos e serviços essenciais, é natural que os consumidores digam que devem gastar mais nos próximos meses.
Tanto que também houve aumento do item Nível de Consumo Atual, que atingiu 66,5 pontos, alta mensal de 5,4%.
Ainda no campo positivo, ou de próximo a estabilidade, está o item Renda Atual que subiu apenas 0,5% e fica, em agosto, nos 91 pontos. Sendo também um sinal que a inflação está apertando, pois a maioria das famílias de Salvador estão dizendo que o nível de renda está menor do que há um ano.
No sentido inverso estão os dois itens relacionados ao emprego, Emprego Atual e Perspectiva Profissional. O primeiro recuou 3,5% e voltou aos 85,1 pontos, e o segundo retraiu 13,8% e registra 63 pontos, sendo o menor patamar para o item de série histórica, iniciada em 2011. São 65% das famílias que dizem que não deve haver uma melhora profissional para o responsável pelo domicílio nos próximos 6 meses.
E por fim, o item Acesso a Crédito que passou dos 94,4 pontos em julho para 93 pontos em agosto, ligeira retração de 1,5%. O crédito vai ficar mais seleto pelo aumento da taxa de juros e também por conta do aumento do risco da inadimplência.
Quando se avalia o ICF por faixa de renda, o cenário, evidentemente, é mais desfavorável àquelas famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos. O índice desse grupo foi de 71,6 pontos em agosto, tecnicamente estável em relação a julho (71, 4 pontos). Já a faixa de renda mais elevada, o ICF foi de 118,6 pontos, alta de 1,1%. Ou seja, estão no nível de satisfação das condições econômicas em geral.
Embora o dado geral em agosto tenha sido ligeiramente positivo, o cenário é delicado para as famílias. A inflação, o risco de perder o emprego e a falta de oportunidades limitará o avanço do ICF. Para inserir mais um ingrediente nesta mistura está a nova variante do coronavírus, a Delta, que pode atrapalhar os planos de retomada mais forte, trazendo instabilidade e insegurança para os empresários.
Como essas variáveis não devem melhorar da noite pro dia, os consumidores precisarão ter mais paciência para enfrentar esta pandemia que se alonga por quase um ano e meio.