ICF | FEVEREIRO 2023
FAMÍLIAS DE SALVADOR VOLTAM A FICAR OTIMISTAS APÓS QUASE 3 ANOS, APONTA FECOMÉRCIO-BA
Índice superou os 100 pontos em fevereiro, o que não se via desde abril de 2020.
O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, registrou crescimento de 3,8% em fevereiro e voltou, após quase três anos, ao patamar de otimismo, acima dos 100 pontos, com 101,5 pontos. A última vez que o ICF esteve na área de satisfação, foi em abril de 2020, quando marcou 104,3 pontos. Na comparação anual, houve um aumento mais forte, de 22,2%.
O ICF varia de 0 a 200 pontos, sendo que entre 100 e 200 pontos é considerado o patamar de satisfação ou otimismo. E entre 0 e 100 pontos considerado nível de insatisfação com as condições econômicas do domicílio.
As famílias de Salvador estão mais otimistas em relação ao emprego. O item Emprego Atual avançou 2,7% em fevereiro e atinge os 122 pontos. E o item Perspectiva Profissional subiu 5,3%, ao passar de 128,4 pontos para os atuais 135,2 pontos. Desta forma, a avaliação é que há uma segurança maior em relação ao cargo atual e há uma expectativa de que tende a ter uma melhora profissional para o responsável do domicílio.
Embora o ritmo de retomada da economia ainda esteja mais lenta do que o esperado para este momento, não há riscos, a princípio, de um quadro mais recessivo, no qual possa se pensar em demissões. Assim, é natural que os consumidores fiquem mais confortáveis na avaliação do cargo atual.
Outra alta importante foi de 5,3% do item Perspectiva de Consumo, que chegou nos 126,3 pontos. Ou seja, as famílias estão pretendendo gastar mais nos próximos meses.
Isso é um processo natural, uma vez que a inflação, apesar de elevada, está num patamar mais baixo do que o visto no ano passado. O item Renda Atual cresceu 2,9% e alcança os 111,3 pontos. Vale adicionar o fato do reajuste
do salário-mínimo no início do ano, o que permite um ganho bem pequeno em relação a inflação.
A dúvida que fica é se no curto prazo os gastos estão aumentando também, pois o consumidor está seguro no emprego e com avaliação mais positiva sobre a renda. O item Nível de Consumo Atual até avançou, 5,5% na comparação mensal, porém ainda está bem abaixo dos 100 pontos, com 77,4 pontos.
O que é possível compreender desses números é que, apesar da melhora no emprego e na renda, não tem se revertido em aumento de consumo no momento. A explicação está no nível elevado de famílias com contas em atraso, os inadimplentes. Ou seja, é preciso primeiro acertar as contas para depois voltar a pensar em consumir mais fortemente.
E a maior variação no mês do ICF foi do item Momento para Duráveis, de 10,5%. Porém, como a pontuação ainda é muito baixa, fica mais fácil registrar variações acentuadas. Em fevereiro, o item marcou os 45,1 pontos. Se por um lado as famílias estão com grande dificuldade de compras produtos duráveis, como geladeira, fogão, televisor, etc, por conta dos juros elevados, por outro, as liquidações de início de ano permitem uma redução dessa avaliação pessimista, pelas oportunidades de preços que o momento oferece.
O único item com redução no mês foi o Acesso a Crédito, de -1,8% e volta aos 93,1 pontos. Com os juros altos, naturalmente o crédito fica mais seleto.
Na avaliação por faixa de renda, as variações foram similares, de 3,8% para o grupo que ganha abaixo dos 10 salários-mínimos, e de 4% para os que ganham acima dessa quantia. No entanto, as pontuações estão em níveis diferentes. O primeiro grupo se aproximou dos 100 pontos, com 98,7 pontos em fevereiro. E o segundo ampliou a pontuação para os 131,6 pontos.
De maneira geral, o ICF deve seguir no curto e médio prazo na trajetória positiva, por conta do mercado de trabalho com muitas oportunidades e a inflação arrefecendo gradativamente. Com o quadro mais favorável
permite que as famílias consigam pagar as contas em atraso e voltem de maneira mais segura às compras num segundo momento. Portanto, o ICF de fevereiro é um ótimo indicativo tanto para a outra pesquisa da Fecomércio-BA, a PEIC, quanto para as vendas do comércio no futuro próximo.