ICF | JULHO 2023
CONFIANÇA DO CONSUMIDOR DE SALVADOR ATINGE MAIOR NÍVEL EM 8 ANOS, APONTA FECOMÉRCIO-BA
Recuperação da capacidade de consumo está associada a queda da inflação.
A deflação na região metropolitana de Salvador, principalmente no grupo de alimentos e bebidas, o que mais pesa no orçamento doméstico, tem sido o motivo crucial para a recuperação da confiança do consumidor soteropolitano.
Em julho, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, registrou 106,4 pontos, o mais elevado patamar desde junho de 2015, há 8 anos. Na comparação com junho, houve aumento de 2,2% e de 22,2% no comparativo anual, quando o ICF ainda estava na zona pessimista, com 87,1 pontos.
O ICF varia de 0 a 200 pontos, sendo que entre 100 e 200 pontos é considerado o patamar de satisfação ou otimismo. E entre 0 e 100 pontos considerado nível de insatisfação com as condições econômicas do domicílio.
Com os preços médios da região em queda e, ao mesmo tempo, alta no emprego, significa aumento no poder de compra. E dos sete itens avaliados pelo ICF, além de todos terem apresentado aumento mensal e anual, a variação mais elevada foi do nível de consumo atual, de 5,1% e atinge os 86,6 pontos ante os 82,4 pontos do mês anterior.
Observando o futuro próximo, a maioria das famílias de Salvador está apontando que aumentará os gastos nos próximos meses em relação ao mesmo período do ano passado. O item perspectiva de consumo cresceu 0,7% e está nos 112 pontos, também bem acima dos 95,1 pontos de julho de 2022.
Contudo, o consumo de itens mais caros ainda não está no radar da maioria. O item momento para duráveis comprova isso, pois, em julho, ficou em 57,3 pontos, leve alta de 0,5% na comparação mensal. Cerca de 70% dos
entrevistados dizem que é um mau momento para compra de duráveis (geladeira, fogão, televisor, etc).
Essa tendência está relacionada a limitação no comprometimento da renda com dívida nesse momento, uma vez que o percentual de inadimplentes, embora caindo, ainda está alto historicamente. Além disso, os juros altos deixam o custo final do produto muito caro, pouco atrativo.
Vale dizer que o crédito, apesar de caro, continua farto no mercado. O item acesso a crédito avançou 0,7% em julho e chega aos 93,9 pontos. Ou seja, está ampliando o número de famílias dizendo que está mais fácil obter empréstimos para compras a prazo, mas não necessariamente que essa mesma família utilizará esses recursos.
A base do aumento no consumo está muito mais ligada a melhora na renda e emprego do que no crédito. Os itens emprego atual e perspectiva profissional cresceram 1,8% e 3,9%, respectivamente. O segundo chegou aos 143,7 pontos, o mais bem avaliado no ICF no mês e mais alto nível desde 2014.
Sobre o item renda atual, houve aumento mensal de 2,1%, ao passar de 118,7 pontos para os atuais 121,2 pontos. O mais alto nível de segurança no emprego em 9 anos.
E na análise por faixa de renda, o destaque vai para as famílias de renda até 10 salários-mínimos, que subiu, em julho, 2,5%, enquanto o outro grupo, de renda superior a 10 SM, ficou estável no mês. No mês, o índice do primeiro grupo foi de 103,6 pontos e de 137,1 pontos para o segundo.
Em resumo, as famílias de Salvador vivem um bom momento, com a melhoria das suas condições econômicas. A queda na inflação tem sido fundamental para que haja esse aumento da intenção de consumo e da confiança e de redução da inadimplência.
A tendência segue de aumento do ICF nos próximos meses. O programa Desenrola deve contribuir para o acerto do contas com o sistema financeiro e o varejo tem antecipado as renegociações. Além disso, os dados mais recentes de inflação mostram uma ampliação da queda nos preços médios,
o que refletirá, no curto e médio prazo, no aumento de consumo no comércio. A Fecomércio-BA acredita que o desempenho do comércio no segundo semestre deve ser acelerado por este processo de recuperação do poder de compra das famílias de Salvador.