ICF | JULHO 2024
FAMÍLIAS DE SALVADOR REDUZEM OTIMISMO COM A ECONOMIA, AVALIA FECOMERCIO-BA
Intenção de Consumo cai 3,3% em julho puxados pelas variáveis que avaliam os próximos meses. O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, apontou, em julho, 105,7 pontos, queda de 3,3% em relação a junho e fica pouco abaixo do patamar visto um ano antes, de 106,4 pontos. Com essa retração, a segunda seguida, leva o indicador ao menor nível desde junho do ano passado. Para contextualizar, o ICF é um indicador de confiança que varia de 0 a 200 pontos, sendo que entre 100 e 200 pontos é considerado o patamar de satisfação ou otimismo. E entre 0 e 100 pontos considerado nível de insatisfação com as condições econômicas do domicílio. Ou seja, quanto mais ele avança no sentido dos 200 pontos, mais os consumidores estão otimistas em relação as principais variáveis que afetam a sua vida econômica, emprego, renda e crédito. As variações mais significativas no mês foram dos itens perspectiva de consumo e perspectiva profissional de -6,3% e -5,6%, respectivamente. O primeiro voltou aos 113,5 pontos e o segundo ficou nos 126,2 pontos. Para 35,4% dos entrevistados, o consumo das famílias nos próximos meses tende a ser menor do que há um ano, ante 31,8% do mês anterior. No caso da perspectiva profissional, 34,2% disseram que não deve haver melhoria no emprego para o responsável pelo domicílio nos próximos 6 meses, uma alta em relação aos 30,3% do mês anterior e de 24,9% visto um ano antes. É necessário ter cautela na análise desses dados, pois não necessariamente a situação financeira das famílias esteja numa situação ruim. Por exemplo, há um cenário de menor nível de desemprego em 10 anos. Pode ser que os entrevistados tenham dado uma avaliação menos promissora porque já se chegou num patamar muito satisfatório de emprego, ou seja, não havendo muito espaço para melhoras significativas. Em se tratando dos gastos futuros, com redução do otimismo, pode ser interpretada também que a conjuntura econômica, com suas inúmeras incertezas, tenha afetado as decisões de consumo, mas não necessariamente que a família tenha perdido o seu poder de compra. Até porque o item renda atual subiu ligeiramente, 0,5% e está nos 123,5 pontos. A inflação na região de Salvador tem arrefecido e com o emprego aquecido, há um ganho real relevante. O item emprego atua ficou com 130,3 pontos, 0,5% abaixo do mês anterior, e se coloca como o nível mais alto no mês entre os sete avaliados. Há menos gente desempregada e 45,9% dizem que estão mais seguras no emprego atual do que há um ano, não muito diferente do visto no mês anterior. O que as famílias estão observando também é que há uma maior dificuldade de obtenção de crédito e financiamento para compras a prazo. O item acesso a crédito recuou -4,7% e vai aos 94,4 pontos. Essa maior restrição pode ser por conta do aumento recente na inadimplência captado pela Fecomércio-BA. Ou seja, maior risco de não pagamento, aumento do acesso ao crédito. E quem sofre com isso também são os itens que tem correlação com o crédito. O item momento para duráveis caiu -4,4% e retorna aos 60,7 pontos. Para dois terços das famílias soteropolitanas é um mau momento para compras de bens como geladeira, fogão, televisor, etc. Por fim, o item nível de consumo atual que, em julho, retraiu 2,9%, ao passar de 94,2 pontos em junho para os atuais 91,5 pontos. Na análise por faixa de renda, houve queda para ambos os grupos analisados pela Fecomércio-BA. Para as famílias que ganham até 10 salários-mínimos, o indicador caiu de 106,1 pontos em junho para os 102,5 pontos de julho. Para o outro grupo, com renda superior a 10 SM, o ICF ficou em 140,3 pontos, recuo de 2,7% ante os 144,2 pontos de junho. Apesar do recuo de julho, o índice geral ainda se situa num patamar de otimismo, acima dos 100 pontos, o que mantem um cenário favorável. Algumas quedas podem ser interpretadas de que o quadro econômico da região tenha chegado num certo limite de crescimento, o que pode, de fato, trazer uma restrição de aumento mais forte do ICF nos próximos meses. O que a Fecomércio-BA tem como cenário é que as famílias passam por um momento muito positivo, a despeito das incertezas da economia nacional, do déficit fiscal, da escalada do câmbio, etc. Há um desemprego muito baixo e um ganho de renda acima da inflação, permitindo o avanço no consumo nos setores de comércio e serviços. Portanto, o dado de julho não traz grandes preocupações e tende a ser algo pontual.