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ICF | MAIO 2025

ICF, Pesquisas
26 de maio de 2025

INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS DE SALVADOR RECUA AO MENOR NÍVEL DESDE AGOSTO DO ANO PASSADO, APONTA FECOMÉRCIO BA

Alta da inflação e dos juros segue deteriorando as condições econômica dos lares soteropolitanos.

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, voltou a cair em maio, passando de 108,3 pontos em abril para os atuais 107,5 pontos — uma queda de 0,7%, atingindo o menor patamar desde agosto do ano passado. Também houve retração na comparação anual, de 2,7%, já que em maio de 2024 o indicador estava em 110,5 pontos.

O ICF varia de 0 a 200 pontos: valores mais próximos de 200 indicam otimismo, enquanto os mais próximos de 0 refletem pessimismo.

As maiores variações negativas foram observadas nos itens relacionados ao consumo. O nível de consumo atual recuou 2,2% em maio, atingindo 88,2 pontos — patamar não registrado desde outubro de 2023. Já a perspectiva de consumo apresentou queda mensal de 1,7% e retração anual de 6,5%, chegando a 114,7 pontos.

A taxa de juros elevada é um dos fatores que têm impactado o consumo. O item acesso ao crédito registrou retração mensal de 1,3%, ampliando o pessimismo ao atingir 97,5 pontos. Cerca de 42,8% das famílias afirmam estar mais difícil obter financiamento para compras a prazo. Há dois aspectos nessa questão: primeiro, a maior seletividade do sistema financeiro, que percebe risco elevado de inadimplência; segundo, as próprias famílias enfrentam dificuldades financeiras para comprometer sua renda com crédito.

A inflação mais alta também tem sido um desafio para as famílias, afetando diretamente o poder de compra. O item renda atual sofreu redução mensal de 0,5%, recuando para 121,3 pontos, refletindo a percepção crescente de que a renda familiar está menor do que há um ano.

Apesar de o mercado de trabalho ainda apresentar aquecimento, com uma das menores taxas de desemprego da série histórica, o impacto da inflação e dos juros elevados já começa a afetar a confiança no emprego. Isso se reflete no item emprego atual, que recuou 0,8% em maio. Ainda não é um sinal alarmante, mas aponta uma preocupação crescente nas famílias em manter o vínculo de trabalho para enfrentar o atual cenário econômico adverso.

Por outro lado, o item perspectiva profissional teve um leve aumento de 0,6%, o que pode representar um sinal positivo para o longo prazo. Indica que parte da população enxerga possibilidades de melhoria em meio a este momento delicado.

Já o item momento para duráveis, embora tenha registrado leve incremento de 0,7%, permanece em um patamar elevado de pessimismo, ao marcar 63,2 pontos. Quase dois terços dos entrevistados acreditam que este não é um bom momento para a compra de bens duráveis como televisores, fogões e geladeiras.

A redução do ICF tem se mostrado homogênea, atingindo todas as faixas de renda analisadas pela pesquisa. Para o grupo com renda inferior a 10 salários mínimos, o índice ficou em 104,5 pontos em maio, recuo de 0,6%. Já entre as famílias com renda superior a 10 salários mínimos, o ICF caiu 1,9%, chegando a 139,6 pontos.

Portanto, a inflação elevada e persistente — especialmente nos preços dos alimentos — aliada à alta dos juros, tem deteriorado gradualmente as condições econômicas das famílias de Salvador. Esse cenário, somado a outros levantamentos da Fecomércio-BA, acende um sinal de alerta para o desempenho do comércio no curto e médio prazos. Em outras palavras, não se trata de um movimento pontual, mas de uma virada de cenário para o negativo — algo que já era previsto, em algum momento, pela Entidade.

 

 

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