INFLAÇÃO | ABRIL 2023
EM ABRIL, PREÇOS SOBEM 0,50% EM MÉDIA E DIFUSÃO PREOCUPA, AVALIA FECOMÉRCIO-BA
Inflação persistente dificultará caminho para redução de juros.
O IBGE divulgou a inflação do mês de abril na região metropolitana de Salvador. A variação foi de 0,50%, acima dos 0,44% do mês anterior. Embora no acumulado em 12 meses a tendência seja de desaceleração, de 5,4% em março para os atuais 5,2%, o dado do mês foi pior do que a expectativa.
Na avaliação da Fecomércio-BA, a aceleração entre março e abril deixa claro de que há uma resistência para que haja uma queda de preços. Além disso, outra preocupação é a dispersão da alta, com 8 de 9 grupos com elevação, sendo que pressões relevantes para o resultado foram vistas em quatro grupos do indicador.
O destaque foi do grupo de saúde e cuidados pessoais, de 1,73%. Com esse desempenho gerou um impacto de 0,26 ponto percentual, ou seja, responsável por pouco mais da metade da variação do mês, de 0,50%.
Nada de surpresa neste caso, pois houve o tradicional reajuste de medicamentos, que passou a valer no início de abril. Remédios como o antigripal e anti-inflamatório subiram, em média, 5,11% e 4,99%, respectivamente. Produtos de higiene e beleza também contribuíram para a alta no mês, como foi o caso de produtos para a pele (4,90%) e sabonete (2,98%).
Outra alta importante foi do grupo Habitação, que variou 0,54% em abril e contribuiu com 0,08 p.p. para a variação geral. Quem puxou foi a energia elétrica, com alta mensal de 1,19%. Porém, produtos para casa também tiveram elevações, como desinfetante (2,10%), detergente (1,32%) e água sanitária (1,03%).
O grupo de transportes registrou elevação mensal de 0,37% e impactou com 0,07 p.p para o IPCA da RMS. Neste caso, houve uma assimetria importante. Enquanto os combustíveis apontaram recuo, como gasolina (-1,16%), etanol (-2,93%) e óleo diesel (–4,02%), as passagens aéreas, pelo lado dos serviços, subiram 18,85%.
As demais variações positivas foram de: alimentação e bebidas (0,18%), vestuário (0,54%), comunicação (0,82%), artigos de residência (0,01%) e educação (0,04%).
Somente o grupo de despesas pessoais retraiu em abril, porém, a variação foi relativamente pequena, de -0,08%, gerando impacto nulo para o resultado geral.
De maneira geral, embora arrefecendo, a inflação ainda está num patamar elevado. Por uma questão estatística, o acumulado em 12 meses até o próximo mês de junho ficará próximo dos 3,5%. Contudo, voltará subir ao longo do segundo semestre para fechar o ano com previsão de 6,5%.
A inflação alta é consequência de uma série de fatores, tais como: falta de insumos em determinadas indústrias; aumento de custo produtivo e operacional; aquecimento da demanda nos serviços; etc.
Não somente em Salvador, mas a tendência nacional é similar. E essa resistência de queda nos preços é o que tem dificultado a redução da taxa básica de juros, a SELIC, hoje em 13,75% ao ano. O Banco Central tem observado a inflação deste ano e as expectativas para 2024, que também está acima do teto da meta.
Desta forma, o dado de abril mais negativo traz uma certa frustração, não somente por conta do patamar elevado influenciar no poder de compra das famílias no dia a dia, mas também em possível lentidão para a decisão de reduzir os juros, o que seria essencial para a recuperação da atividade econômica.