INFLAÇÃO SETEMBRO 2023
CONFLITO EM ISRAEL, A PRINCÍPIO, NÃO DEVE TER IMPACTO NA INFLAÇÃO DE SALVADOR, ANALISA FECOMÉRCIO-BA
Preços avançam 0,05% em setembro. Por um lado, alimentos com deflação e, por outro, combustíveis em alta.
Em setembro, a inflação na Região Metropolitana de Salvador foi de 0,05% e acumula alta de 4,79% nos últimos 12 meses, segundo dados do IBGE e analisados pela Fecomércio-BA.
Há uma espécie de cabo de guerra com os preços na região. Enquanto o grupo de alimentos apresenta forte retração de 1,16% no mês e impactando com -0,26 ponto percentual no resultado geral, o grupo transportes avança 0,86% e participa com 0,16 p.p na variação global.
De fato, os preços dos combustíveis têm subido nos últimos meses. Em setembro, especificamente, o óleo diesel subiu 11,62% e a gasolina, 0,78%. E há uma normal apreensão de que o conflito em Israel pudesse gerar um novo efeito sobre os preços globais e valores de moedas. No entanto, até agora, não houve impacto sobre o preço do petróleo e o câmbio, pelo contrário. O barril tipo Brent segue em tendência de queda e o dólar que chegou recentemente aos 5,20 reais, volta a ficar próximo dos 5 reais. Desta forma, não há, a princípio, um risco maior de aumento expressivo nos preços dos combustíveis e com seus reflexos na economia em geral. Esses aumentos de setembro e possivelmente em outubro são por conta de ajustes internos nos preços praticados nas refinarias e nas distribuidoras da região.
Os alimentos, por sua vez, continuam em queda livre em sua maioria e o mais importante é que está sendo de forma pulverizada. A maior queda no mês foi da batata-inglesa de -17,83% seguido da cebola com -12,96% e mamão com -10,60%. Também é possível ver recuo nas carnes e frutas, de -3,45% e -1,67%, respectivamente.
São vários os motivos que têm ajudado esse recuo de preços. O clima mais estável contribui no aumento da produtividade, tal como os custos mais amenos aos produtores e ciclos favoráveis na oferta de bovinos para abates. O que gera alguma apreensão é a produção de arroz e algumas frutas como a maçã e pêssego, pois podem ter sido impactadas pelas fortes enchentes no sul do país neste mês de setembro. É preciso esperar os próximos dados para saber como o equilíbrio de oferta e demanda deve ser ajustado nos preços.
Outra retração foi do grupo de artigos de residência de -0,87%, mas seu impacto foi reduzido, de apenas -0,04 ponto percentual. Esse é um ótimo indicativo para o próximo momento importante do comércio, a Black Friday. Itens como televisor caiu, em média, -3,34%, o refrigerador apontou queda de -2,61% e a máquina de lavar roupa com recuo de -2,07%. Naturalmente, mais próximo do evento os preços médios tendem a cair mais por conta das promoções tradicionais, sobretudo dos eletroeletrônicos.
Pelo lado positivo, além dos transportes, o grupo habitação também exerceu importante influência após apontar alta mensal de 0,61% e 0,09 ponto percentual para o desempenho global. Neste caso, o destaque vai para o aumento de 1,16% no gás de botijão.
As demais altas foram de: despesas pessoais (0,62%), vestuário (0,32%), saúde e cuidados pessoais (0,10%), comunicação (0,09%) e educação (0,05%).
A projeção da Fecomércio-BA para o encerramento do ano da inflação segue em 4,8%. Alimentos devem continuar em queda e transportes em alta, mas por motivos internos e não externos. A deflação nos alimentos, principal grupo de consumo das famílias de Salvador, tem ajudado no aumento das vendas, pois abre espaço no orçamento doméstico para expandir em outros segmentos da economia. Portanto, o cenário ainda é
bastante positivo, embora a questão dos combustíveis ainda mantenha uma ligeira pressão e risco de contaminação nos preços no médio prazo.