PEIC 2021 | DEZEMBRO
92% DOS ENDIVIDADOS EM SALVADOR ESTÃO COM DÍVIDA NO CARTÃO DE CRÉDITO, APONTA FECOMÉRCIO-BA
Endividamento recua no último mês puxado pelos carnês, crédito mais caro e seleto.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Fecomércio-BA, em dezembro, ocorreu a segunda queda consecutiva do endividamento em Salvador. No mês, a taxa foi de 69,3% ante os 70,3% de novembro. Há um ano, eram 63,4% de famílias endividadas na capital baiana.
Em termos absolutos, são 645,2 mil famílias que possuem algum tipo de dívida, 9,2 mil a menos do que o mês anterior, porém 57 mil a mais em relação ao mesmo período de 2020.
O que chama a atenção no resultado é a manutenção do percentual de endividados com o cartão de crédito, 91,8%, ao mesmo tempo em que há redução de 10,3% para 8,9% de famílias com dívidas nos carnês.
Esse cenário representa que ainda há facilidade e, até mesmo, necessidade de usar o cartão de crédito para manter o consumo da família e se proteger da inflação. A opção por essa modalidade tem sido recorrente, pois o consumidor realiza a compra e só vai pagar a fatura na data do seu vencimento, ou realiza compras parceladas, para ir diluindo o compromisso ao longo do tempo.
Por outro lado, o crédito mais caro e mais seletivo tem limitado o consumo das famílias nas compras financiadas pela própria loja. Certamente, deverá haver reflexo negativo no resultado das vendas de, por exemplo, eletrodoméstico e eletrônicos.
Além do endividamento, caiu também o número de famílias inadimplentes, que possuem conta em atraso. Em dezembro, a taxa foi de 29,4%, ligeira queda em relação a novembro, de 30,7%. No entanto, em relação ao mesmo período de 2020, houve avanço de 2,4 pontos percentuais, quando naquele mês a taxa de inadimplentes foi de 27%. Atualmente, são 274 mil famílias com contas em atraso.
Embora pareça ser um dado positivo, há um ponto importante negativo a ser considerado. As famílias que estão inadimplentes, 23,4 mil a mais do que há um ano, estão pagando mais muito mais caro por estarem em atraso. Isso porque a taxa básica de juros na época estava próxima a 2% ao ano e, agora, está em 9,25%. Desta forma, ficou arriscado para quem não está planejando o orçamento doméstico de forma adequada, pois os juros subiram – e muito!
Por isso, a Fecomércio-BA recomenda a utilização consciente do 13º salário. Em primeiro lugar, deve-se pagar as contas em atraso para não gerar um efeito bola de neve e deixar a família com a corda no pescoço, principalmente neste momento de início de ano que as contas devem vir pesadas, como o IPTU, IPVA e matrícula escolar.
E como a Fecomércio-BA vem analisando, o endividamento e inadimplência tem afetado mais no dia a dia das famílias de renda mais baixa. As taxas respectivas para o grupo de renda inferior a 10 salários-mínimos foram de 71,7% e 31,9%, em dezembro. Enquanto para o grupo de renda mais elevada, o endividamento está em 42,9% e 9,4% para a inadimplência. Todos esses percentuais estão mais baixos dos vistos em novembro.
A tendência no longo prazo é de redução do endividamento devido a alta da SELIC, que encarece o crédito ao consumidor. No entanto, pode acontecer situações pontuais, como em janeiro, de busca do crédito para pagamento das contas do período, até porque o 13º salário já deve ter sido gasto.
Os carnês que vinham contribuindo para o aumento do endividamento perderam o fôlego, e o cartão de crédito deve ser a modalidade na qual o consumidor se apoiará mais para manter o consumo do seu dia a dia.