PEIC 2021 | JUNHO
64,8% das famílias de Salvador estão endividadas no mês de junho, aponta Fecomércio-BA
Nova alta leva ao maior patamar desde novembro do ano passado.
Em junho, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumido (PEIC), da Fecomércio-BA, mostrou que 64,8% das famílias em Salvador têm algum tipo de dívida. Além de ser a segunda alta seguida, é o maior patamar desde novembro do ano passado (65,1%).
Em relação a maio, houve um aumento de 4,3 pontos percentuais, o que significa um crescimento de 60 mil famílias que passaram a ter alguma dívida a pagar, para um total atual de 602 mil famílias endividadas.
Segundo o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, a inadimplência, quando o consumidor não paga a dívida até a data do vencimento, teve um avanço mais modesto, ao passar dos 23,2% em maio para os 25,7% em junho. São 239 mil famílias com contas atrasadas em Salvador.
“E o percentual de famílias que já dizem que não conseguirão pagar a dívida em atraso chegou a 8,3% em junho, o que significa 77,1 mil famílias nesta situação mais delicada”, esclarece o economista.
Entre os endividados, o principal tipo de dívida é o cartão de crédito com 91,7%, seguido de carnês com 10,7%, esse último sendo o maior percentual desde janeiro do ano passado.
“No momento de aperto, como ocorre neste momento de pandemia, os bancos fecham, mas a torneira do crédito e os consumidores buscam alternativas”, pontua Dietze.
“Por isso, é natural que as pessoas busquem os cartões de crédito e os carnês para as compras, pois são modalidades de crédito mais acessíveis e menos burocráticas”, destaca o consultor.
E quando analisados os dados gerais por faixa de renda, as famílias que ganham abaixo de 10 salários mínimos o endividamento está em 67,6% e a inadimplência em 28,1%. Enquanto para as famílias que ganham acima dos 10 SM, as taxas são bem mais baixas, de 34,7% e 7,1%, respectivamente.
“Evidentemente, quem precisa mais do crédito para complementar o consumo são as famílias de renda mais baixa. E são elas as mais vulneráveis, pois, em sua maioria, não possuem investimentos que deem condições de proteção, um colchão de segurança, em momentos críticos como o atual”, exemplifica o consultor econômico.
No geral, o aumento do endividamento de forma mais expressiva pode até parecer um resultado negativo. Mas segundo Dietze, esse resultado é relativamente positivo, pois mostra que as famílias estão consumindo através do crédito, um essencial combustível para girar a economia, e sem descontrole da inadimplência.
“De qualquer forma, o ideal é que a inadimplência ceda mais um pouco e caia para abaixo dos 20% até o final do ano. Isso será possível com a recuperação da economia, vacinação e geração de empregos, para que as famílias consigam contrair crédito e fazer o seu pagamento, principalmente as famílias de renda mais baixa”, justifica o consultor econômico da Fecomércio-BA.