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PEIC 2021 | SETEMBRO

PEIC
5 de novembro de 2021

72,2% DAS FAMÍLIAS ENDIVIDADAS NA CAPITAL BAIANA, MAIOR NÍVEL DESDE 2013, APONTA FECOMÉRCIO-BA 

Inflação alta pressiona orçamento das famílias, que por sua vez buscam saídas no cartão de crédito e carnês.  

Em setembro, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Fecomércio-BA, registrou a quinta alta consecutiva e atinge 72,2%, maior patamar desde julho de 2013. No mês anterior, o percentual havia sido de 71% e 66,9% em setembro de 2020. Em número de famílias, atualmente são 672 mil com algum tipo de dívida, 51,6 mil a mais em relação ao mesmo período do ano passado. 

A inadimplência avançou forte, de 30,2% em agosto para os atuais 32,6%, maior nível desde abril de 2013. São 303 mil famílias que não conseguiram pagar a dívida contraída até a data do vencimento, ou seja, estão com conta em atraso. Neste mesmo período do ano passado o percentual visto foi de 30,8%, não muito diferente do atual. Porém, se análise for feita desde o início do ciclo de alta da inadimplência, abril deste ano (23,2%), houve um aumento de 88 mil famílias com contas em atraso em apenas 5 meses. 

E as famílias que já dizem que não conseguirão pagar a dívida em atraso são 8,6%, igual ao visto no mês anterior e bem abaixo dos 13,1% de setembro de 2020. 

O aumento do endividamento está sendo puxado pelo cartão de crédito e pelos carnês. O primeiro está entre 92,2% dos endividados, um pouco mais alto do que agosto (91,8%) e setembro de 2020 (90,5%). E o segundo figura como modalidade de crédito para 13,3% entre os endividados, mesmo percentual do mês anterior, porém, mais que o dobro do visto no ano passado (6,2%). 

Lembrando que a soma de todos os tipos de dívida supera os 100%. Isto acontece por ser uma resposta de múltipla escolha, ou seja, o consumidor pode estar endividado no cartão, no carnê ou em qualquer outro financiamento, ao mesmo tempo.  

Embora o percentual da renda comprometida com a dívida esteja em média de 31,1%, o que é considerado muito saudável, o tempo de comprometimento é que está subindo. Há um ano, o tempo médio da dívida estava em torno de 5,5 meses, e passou para 6,5 meses em setembro deste ano. 

É natural acontecer este aumento quando se utiliza mais cartão de crédito e carnês, que tradicionalmente são compras parceladas, sobretudo num momento de dificuldades econômicas, com a inflação elevada e incertezas no mercado de trabalho. Quando a economia está mais favorável, as famílias pagam mais – relativamente – no débito e no dinheiro. 

O que se nota é que as famílias de Salvador vêm buscando uma saída para manter o consumo em face à inflação. A forma mais fácil e menos burocrática é através do crédito e das duas modalidades em destaque, cartão e carnês. 

Contudo, é uma saída que gera dúvidas, pois o parcelamento está acontecendo sem dar grandes certezas de que estes compromissos serão pagos quando vierem as faturas e boletos. Parte do aumento da inadimplência, certamente, vem desta situação. 

A Fecomércio-BA vem analisando que o impacto do endividamento pressiona mais as famílias de renda mais baixa. A taxa de famílias com renda inferior a 10 salários-mínimos e que possuem algum tipo de dívida está em 75,2%, muito diferente dos 41,2% de endividados com renda superior a 10 SM. 

A diferença é relevante também nos dados de inadimplência. Para a faixa de renda mais baixa o percentual, em setembro foi de 34,9% contra 12,9% dos que ganham mais. Porém, vale um destaque. Enquanto o percentual de inadimplentes permaneceu igual em relação ao ano passado para a faixa de renda inferior a 10 SM, mais que dobrou para as famílias de renda mais elevada, de 5,9% para os atuais 12,9%. 

Portanto, a situação econômica está desafiadora para todas as famílias. Embora haja uma melhora de ambiente com a aceleração da vacinação, reabertura quase que completa das lojas, o cidadão continua lutando contra a inflação que deve persistir até o ano que vem. Agora, com o adicional da crise hídrica que forçará o consumidor economizar energia, mas continuará pagando muito mais caro. 

No curto e médio prazo, nada deve mudar. Há mais incertezas do que certezas sobre o ambiente econômico e isso afugenta investidores que poderiam gerar uma tração mais na geração de empregos.