PEIC 2022 | DEZEMBRO
INADIPLÊNCIA RECUA PELO SEGUNDO MÊS E ATINE 41,1% DAS FAMÍLIAS EM DEZEMBRO, APONTA FECOMÉRCIO-BA
A injeção do 13º salário e inflação amis baixa são fatores que têm contribuído para o declínio das contas em atraso em Salvador.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA registrou, em dezembro, 41,4% das famílias com contas em atraso, segundo mês de queda, e são 386,6 mil famílias em Salvador inadimplentes neste final de ano.
Apesar do recuo mensal, ante os 43,3% de novembro, o percentual ainda está muito acima do visto no mesmo período do ano passado, de 29,4%. Em termos absolutos, significa um aumento de 113 mil lares que, em um ano, passaram a atrasar a dívida contraída.
Vale uma análise mais detalhada da inadimplência que o tempo de atraso está mais alongado. Quase a metade, 47,4%, das contas em atraso estão no período superior a 90 dias, sendo que no ano passado estava em 39%. Ou seja, com os juros elevados houve maior dificuldade de pagamento da dívida vencida, e pior, quanto mais tempo em atraso, mais juros se paga.
De qualquer forma, a Fecomércio-BA vinha alertando que o pico da inadimplência havia sido ao longo do 3º trimestre e que, ao se aproximar do final do ano, a tendência era de uma melhora relativa da inadimplência. Isso por conta da injeção importante do 13º salário, do auxílio Brasil e, ao mesmo tempo, sendo ajudado por uma inflação mais baixa. Ou seja, menos peso no orçamento cria espaço para alocar recursos para pagamento de dívidas em atraso.
Além disso, nesta época do ano ocorrem os tradicionais feirões limpa nome, de renegociação de dívida e muitos consumidores devem ter aproveitado a ocasião para equilibrar as contas, reduzindo os juros, multas e taxas.
O endividamento, por sua vez, também caiu, de 68% em novembro para os atuais 66,9%. Além disso, esse nível é inferior ao de dezembro de 2021, que foi de 69,3%. Em um ano, houve redução de 20 mil famílias, para um total atual de 625 mil lares soteropolitanos que possuem algum tipo de dívida.
E o principal tipo de dívida é o cartão de crédito com 87,2% dos endividados, percentual muito similar ao do mês anterior (86,7%) e pouco abaixo do visto há um ano, de 91,8%. A queda do endividamento também foi vista no crédito pessoal, de 8,2% para 6,7%, no consignado, de 7,1% para 6,1%. Contudo, esse último está acima do visto em dezembro de 2021, de 4%.
A dívida não necessariamente é ruim. A economia precisa do crédito para ajudar no crescimento. No entanto, a redução do endividamento se dá por dois lados, do consumidor e das empresas. Pelo lado do consumidor, ao ver um crédito muito mais caro, acaba optando por evitar comprometer sua renda com dívida. Pelo lado das empresas, o risco maior de inadimplência elevou o critério de concessão de crédito, restringindo a mais consumidores.
Outro ponto positivo da PEIC de dezembro é que o endividamento e a inadimplência caíram para ambas as faixas de renda analisadas pela pesquisa. Para o grupo de renda mais baixa, de até 10 salários-mínimos, o endividamento passou de 69,9% para 68,8%, entre novembro e dezembro. A inadimplência caiu de, no período, de 45,8% para 43,9%.
Para o outro grupo, com renda acima dos 10 SM, o endividamento recuou de 47,6% para 46,5%, e a inadimplência atinge 18,8% ante 21,2% de novembro.
O resultado de dezembro é muito satisfatório para os consumidores, pois mostra uma nova tendência de queda da inadimplência. Não será rápida, de curto prazo. Será um processo gradual e de longo prazo, acompanhando o ritmo da economia e as variáveis que importam o orçamento doméstico.
Apesar dos juros ainda não darem sinais de queda, o mercado de trabalho mais aquecido e a inflação arrefecendo traz um cenário favorável para a busca do equilíbrio nas contas.
Neste ano, o consumidor se deparou com inflação e juros e elevado, prejudicando – e muito – as finanças domésticas. Assim, essa experiência pode servir de exemplo para que os consumidores façam seus planejamentos daqui para frente para evitar o reingresso ao grupo de inadimplentes. Isso se dá com corte de gastos não essenciais, da busca por novas receitas e da busca e negociação de empréstimos mais adequados ao bolso de cada consumidor.
Esse contexto de redução da inadimplência traz boas expectativas para o varejo em 2023. Os empresários precisam desse consumidor com capacidade de consumo forte, com disponibilidade de obtenção de crédito e, ao mesmo tempo, conseguindo arcar com o compromisso. Se a tendência d queda se confirmar, será um novo momento positivo, de consumidores e empresários mais confiantes e otimistas.