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PEIC 2022 | NOVEMBRO

PEIC
25 de novembro de 2022

APÓS 9 MESES DE ALTAS, INADIMPLÊNCIA ALIVIA E CAI EM NOVEMBRO, APONTA FECOMÉRCIO-BA

Essa queda é um bom sinal de que o pior já passou. No entanto, para melhorar ainda há um longo caminho pela frente.

 

Foram nove meses de altas consecutivas na inadimplência em Salvador e recorde atrás de recorde. Em novembro, no entanto, houve uma interrupção dessa sequência, conforme aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA. No mês, a taxa de famílias com contas em atraso na capital baiana foi de 43,3% ante os 43,7% do mês anterior.

Esse percentual, no entanto, ainda está muito acima do visto no mesmo período do ano passado, de 30,7%, o que representa, em números absolutos, um aumento de quase 120 mil famílias a mais com contas atrasadas, para um total atual de 404 mil famílias.

O ligeiro recuo mensal deve ser interpretado de duas formas, positiva e negativa. Pelo lado favorável, a redução da taxa mostra que o pico da inadimplência deve ter ficado para trás e agora deve começar uma tendência de recuos, sobretudo com a inflação menos pressionada.

Pelo lado negativo, o patamar ainda muito elevado historicamente e em relação ao mesmo período do ano passado, leva ao raciocínio de comprometimento da renda neste final de ano, ou seja, uma necessidade maior para quitação de dívida, o que traz menos força para as vendas de final de ano.

E há para uma parcela de 16,7% das famílias que já dizem que não conseguirão pagar a dívida em atraso, maior percentual desde 2010 e que representa 156 mil famílias soteropolitanas. Essa situação é desconfortável, pois são consumidores que estão num limite de manter os gastos básicos com alimentação e medicamentos, não havendo condição para pagar os compromissos feitos no passado recente.

O endividamento, por sua vez, apresentou novo aumento, o terceiro seguido, e atinge 68% das famílias em novembro, abaixo dos 70,3% vistos nesse mesmo período do ano passado. Em um ano, houve redução de 654,4 mil para 635,3 mil famílias que possuem algum tipo de dívida.

E o grande vilão continua sendo o cartão de crédito com 86,7% dos endividados, patamar muito próximo do visto nos meses anteriores. Porém, se houver descuido o prejuízo é grande. Segundo dados do Banco Central, a taxa média de juros no rotativo do cartão está em 390% ao ano.

Um dado que liga o alerta é o de 5,4% das famílias endividadas no cheque especial em novembro, maior nível desde 2018. Muitos consumidores veem esse recurso como um complemento da renda e é altamente equivocado. Os juros são muito elevados e essa modalidade deve ser evitada a todo custo. Como orientação, o consumidor deve buscar o banco e negociar um crédito consignado ou pessoal, que possuem taxas mais adequadas.

Na análise por faixa de renda, houve recuo da inadimplência tanto para as famílias que ganham acima de 10 salários-mínimos quanto as que recebem mais que esse valor. No entanto, para o primeiro grupo, o percentual de famílias com contas em atraso é de 45,8%, enquanto para o segundo grupo, a taxa em novembro foi de 21,2%.

Para que haja uma redução mais significativa de inadimplentes, a inflação precisa ceder de forma mais rápida e ampla, o que não tem acontecido por enquanto. Quem mais se beneficia com os preços mais baixos são as famílias de renda mais baixa, pois geram um alívio imediato no orçamento, ampliando o potencial para pagar os compromissos do dia a dia e, ao mesmo tempo, conseguindo quitar as dívidas contraídas.

O resultado de novembro pode gerar um otimismo de um cenário mais favorável no futuro próximo. Contudo, está muito em cima para surtir algum efeito substancioso nas vendas de final de ano. Nestes próximos três meses, o orçamento das famílias ainda estará sobrecarregado. Embora a inadimplência tenha caído, o percentual é próximo do recorde histórico apontado no mês anterior.

Portanto, para o curtíssimo prazo ainda há inúmeros desafios para consumidores e comércio. Porém, para o médio e longo prazo, há uma luz no fim do túnel de uma perspectiva de maior equilíbrio nas contas e, por consequência, o poder de compra crescendo gradativamente, contribuindo com a recuperação do comércio para 2023.