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PEIC | ABRIL 2025

PEIC, Pesquisas
26 de maio de 2025

INADIMPLÊNCIA SOBE PARA 23,6% DAS FAMÍLIAS EM SALVADOR NO MÊS DE ABRIL, AVALIA FECOMÉRCIO BA.

Primeira alta significativa desde outubro do ano passado, o que pode indicar que a renda da família começa a perder fôlego diante da inflação mais alta.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA, registrou um aumento na taxa de famílias inadimplentes em Salvador, passando de 22,5% em março para 23,6% em abril. Trata-se da alta mais expressiva desde outubro do ano passado. No entanto, o índice atual ainda está abaixo do observado em abril de 2024, que foi de 24,1%. Atualmente, são 222 mil famílias com contas em atraso, um crescimento de 10 mil em relação ao mês anterior.

Esse aumento foi impulsionado por todas as faixas de renda analisadas. Entre as famílias que ganham até 10 salários-mínimos, a inadimplência subiu de 24,8% para 25,8%. Já entre aquelas com renda superior a esse valor, o índice passou de 5,3% para 6,5%, o que indica uma influência mais ampla sobre os diferentes grupos econômicos.

No que diz respeito ao perfil do atraso, o tempo médio caiu levemente em abril, passando de 62,5 dias em março para 62,2 dias. Observou-se, contudo, um aumento na proporção de atrasos de até 30 dias, o que pode sinalizar que mais famílias estão começando a enfrentar dificuldades para quitar suas dívidas na data do vencimento — reflexo da perda de poder de compra provocada pela inflação.

Outro dado preocupante é o crescimento do percentual de famílias que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas em atraso, que subiu de 8,7% em março para 9,2% em abril. Apesar do aumento, o número ainda está abaixo dos 10,3% registrados no mesmo mês do ano passado. Atualmente, são 86,6 mil famílias nessa situação, quase 5 mil a mais do que no mês anterior.

O nível de endividamento também apresentou alta, passando de 64,9% em março para 65,6% em abril. Esse percentual é superior ao registrado em abril de 2024, que foi de 64,6%. No total, 617 mil famílias da capital baiana possuem algum tipo de dívida, um acréscimo de pouco mais de 10 mil em comparação com o mesmo período do ano passado.

O cartão de crédito permanece como o principal tipo de dívida, representando 92,3% do total, o mesmo percentual de março. Em seguida, aparecem os carnês (5,3%) e o crédito consignado (5%).

Um dado relevante da pesquisa de abril foi a leve queda no percentual da renda comprometida com dívidas: de 29,7% em março para 29,4% no mês seguinte.

Os dados da PEIC de abril indicam que a persistência da inflação elevada — especialmente nos alimentos — e o crédito mais caro e seleto vêm comprometendo gradualmente o poder de compra das famílias, levando a um aumento da inadimplência. Apesar do mercado de trabalho ainda aquecido, essa proteção parece estar começando a se enfraquecer, o que pode resultar em um crescimento lento, porém contínuo, da inadimplência nos próximos meses.

Embora ainda seja cedo para confirmar essa tendência, os sinais são preocupantes. Diante de uma inflação ainda acima do ideal e juros elevados, é natural supor que, em algum momento, esses dois fatores impactem negativamente as finanças das famílias soteropolitanas.

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