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PEIC | MAIO 2025

PEIC, Pesquisas
26 de maio de 2025

INADIMPLÊNCIA ATINGE 24,5% DAS FAMÍLIAS EM MAIO E LIGA ALERTA PARA O COMÉRCIO, AVALIA FECOMÉRCIO BA.

Inflação alta e persistente e elevação de juros começa a deteriorar o orçamento familiar em Salvador

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA, apontou mais um aumento na taxa de famílias com dívidas em atraso em Salvador, passando de 23,6% em abril para 24,5% em maio. Esse é o maior nível desde setembro do ano passado e supera também a taxa registrada no mesmo período de 2024, que foi de 23,5%. Atualmente, estima-se que existam 230,4 mil lares inadimplentes, um acréscimo de 18,2 mil em relação a fevereiro, quando teve início o atual ciclo de alta mais intensa.

Essa elevação da inadimplência foi observada de forma generalizada, atingindo ambas as faixas de renda analisadas pela pesquisa. No grupo com renda de até 10 salários mínimos, a taxa subiu de 25,8% para 26,5% entre abril e maio. Já entre as famílias com renda superior, o índice passou de 6,5% para 7,6%.

O atraso médio no pagamento das dívidas também tem aumentado, passando de 62,2 dias em abril para 63,3 dias em maio. Destaca-se a elevação nos percentuais de inadimplência nas faixas de 30 a 90 dias e acima de 90 dias, o que sinaliza uma maior dificuldade das famílias em regularizar suas pendências. Com o aumento dos juros, esse cenário representa um desafio adicional.

Apesar disso, há espaço para renegociação das dívidas, por meio de iniciativas como os tradicionais feirões de negociação. No entanto, nem sempre as condições oferecidas nesses eventos são tão vantajosas quanto o esperado. Por isso, é recomendável que o consumidor busque diretamente a instituição financeira ou o credor o quanto antes, demonstrando intenção de pagamento, o que pode facilitar a obtenção de melhores condições de quitação no longo prazo.

Além dos atrasos já existentes, há também o crescimento de novas dívidas. A taxa de endividamento subiu para 67,1% em maio, ante os 65,6% de abril — o maior patamar desde abril de 2023. Atualmente, 631,7 mil famílias em Salvador possuem algum tipo de dívida, um aumento de pouco mais de 20 mil em apenas dois meses.

Esse crescimento foi registrado em todas as faixas de renda analisadas. No entanto, o grupo com renda mais baixa apresenta um patamar muito mais elevado de endividamento: 70%, contra 36,5% entre aqueles que ganham acima de 10 salários-mínimos.

O principal tipo de dívida continua sendo o cartão de crédito, presente em 91,4% dos casos. Em seguida, aparecem os carnês (5,7%) e o crédito consignado (5,3%). Pelo menos, essas são modalidades de consumo que, se utilizadas de forma planejada, podem ter um impacto positivo na economia. Caso houvesse crescimento expressivo em dívidas como o cheque especial ou crédito pessoal, haveria um risco adicional ao orçamento familiar — o que, felizmente, não foi observado.

O tempo médio de comprometimento com a dívida também tem aumentado. Em maio, a média foi de 6,3 meses, frente aos 6,2 meses de abril. Já a parcela da renda comprometida com dívidas manteve-se praticamente estável, em 29,5%, apenas 0,1 ponto percentual acima do mês anterior — ainda dentro de um patamar considerado saudável. É importante, no entanto, monitorar esse indicador nos próximos meses, principalmente diante da necessidade potencial de contratação de crédito para manter o consumo habitual, considerando o recuo gradual do poder de compra.

O aumento da inadimplência é um ponto de alerta. O dado de maio confirma uma mudança de tendência, sinalizando uma fase de elevações mais frequentes. A dificuldade crescente das famílias em equilibrar o orçamento doméstico afeta diretamente o comércio, com a restrição do consumo. O varejo, por exemplo, já apresentou sinais de arrefecimento em março.

Com a inflação elevada e persistente, somada à alta dos juros, o cenário tende a se agravar ao longo dos próximos meses. Ainda que esse movimento fosse esperado para o meio do ano, a PEIC indica que o agravamento começou um pouco antes do projetado.

 

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