PEIC | AGOSTO 2023
INADIMPLÊNCIA EM SALVADOR CAI AO MENOR NÍVEL EM 2 ANOS, APONTA FECOMÉRCIO-BA
Programa Desenrola ajuda na redução mensal de 29,5% para 28,7% das famílias com contas em atraso.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA, aponta que, após dez meses seguidos de queda, a inadimplência em Salvador atingiu o menor nível em 2 anos, de 28,7% em agosto, o que representa 268,6 mil famílias com contas em atraso. No mês anterior, a taxa havia sido de 29,5% e, há um ano, foi de 41,3%. Em termos absolutos, houve redução de 117 mil famílias inadimplentes em relação ao mesmo período de 2022.
Embora a redução das contas em atraso já viesse sendo uma tendência desde o ano passado, não se pode descartar a colaboração do programa Desenrola, de acerto de dívidas, no resultado de agosto, uma vez que o início das renegociações foi em meados de julho.
O interessante da pesquisa da Fecomércio-BA é que não foi um movimento igual para as faixas de renda. A taxa de inadimplência caiu somente para as famílias que ganham até 10 salários-mínimos, de 32,4% para 31,3%, entre julho e agosto, enquanto para a faixa de renda mais alta, a taxa subiu de 6,5% para 7,6%.
O que pode explicar essa situação é que a deflação de alimentos tem um efeito mais expressivo sobre o orçamento das famílias de baixa renda, criando espaço financeiro para arcar com as dívidas passadas.
Em relação ao endividamento, houve estabilidade técnica em agosto, ao ficar nos 63,8% ante os 63,9% do mês anterior. O patamar atual não se diferencia muito do que se viu um ano antes, de 64,8%. Atualmente, são 598 mil famílias com algum tipo de dívida.
E o principal tipo segue sendo o cartão de crédito, com 89,8% entre os endividados. Na segunda posição estão os carnês, com 6,5%. Lembrando
que essas famílias não necessariamente estão com os compromissos em atraso.
Abordando os cartões, essa modalidade é extremamente importante para as famílias, como forma de ajudar nas compras domésticas, seja no uso à vista, seja no parcelado. Desta forma, a proposta que circula na mídia de acabar com o parcelamento sem juros, com o objetivo de reduzir a taxa do rotativo do cartão, só vai prejudicar a economia e o comércio e terá efeito limitado sobre essa modalidade de crédito (rotativo). A Fecomércio-BA é contrária a qualquer medida que limite o parcelamento, pois ajuda consumidores e empresários.
E o cenário se mostra cada vez mais favorável, pois está havendo a combinação da manutenção do endividamento num patamar elevado e, ao mesmo tempo, a redução da inadimplência. Isso é possível pelo falo da inflação estar dando trégua para o bolso dos consumidores e o mercado de trabalho tem permitido a recomposição da renda e poder de consumo.
No entanto, mesmo com a redução da SELIC, ocorrida no início de agosto, não é para se esperar uma mudança drástica no comportamento dos consumidores. Até porque os cortes serão lentos e a taxa, historicamente, continua alta. Além disso, é importante que haja uma redução ainda mais forte da inadimplência, não só em Salvador, mas no Brasil, para que os riscos diminuam e o sistema financeiro consiga ampliar a oferta de crédito com menos seletividade.
No curto prazo, nos próximos meses, com a intensificação do Desenrola, ampliando as renegociações para comércio e serviços, a inadimplência deve continuar sua curva de queda, o que tem ajudado no aumento nas vendas do comércio.