PEIC | JANEIRO 2023
EM 3 MESES, 31 MIL FAMÍLIAS DE SALVADOR SAÍRAM DA INADIMPLÊNCIA, APONTA FECOMÉRCIO-BA
Taxa de inadimplentes chega ao menor nível desde julho do ano passado. Dado traz otimismo para as vendas do comércio em 2023.
As famílias de Salvador começam o ano com menos contas em atraso do que no final do ano passado. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA, a inadimplência caiu pelo terceiro mês seguido e atinge 40,3% dos lares soteropolitanos. Em apenas 3 meses, houve redução de 31 mil famílias que conseguiram equilibrar as dívidas em atraso, deixando um saldo atual de 377 mil inadimplentes.
No entanto, quando comparado com igual período do ano passado, o atual patamar (40,3%) ainda está muito mais elevado do que os 29,1%. Ou seja, são 105,5 mil famílias a mais com contas em atraso em relação a janeiro de 2021.
O endividamento, por outro lado, cresceu de 66,9% em dezembro para 67,8% neste primeiro mês do ano, patamar muito similar ao do mesmo mês do ano passado, de 67,4%. São 634,4 mil famílias que possuem algum tipo de dívida, mas não necessariamente estando em atraso.
Esse quadro inicial já estava no radar da Fecomércio-BA desde o final do ano passado. Com a inflação recuando gradativamente, ou pressionando menos, trouxe certo alívio ao bolso do consumidor. Adiciona ao cenário a chegada dos recursos de final de ano, além da geração maior de emprego. Desta forma, houve uma melhora relativa do poder de compra das famílias soteropolitanas e que, por consequência, foram conseguindo pagar as contas em atraso.
E a PEIC está indicando um caminho muito favorável, de aumento do endividamento e redução da inadimplência. Isso é que se considera saudável. As pessoas obtendo crédito para consumo e, ao mesmo tempo, conseguindo quitar o compromisso feito.
Entretanto, mesmo com alguns lares conseguindo acertas as contas, ainda há uma parcela de 18% que já dizem que não conseguirão pagar a dívida em atraso, maior nível em 12 anos. Esse percentual representa em termos absolutos 168 mil famílias nessa situação mais delicada.
A boa notícia relativa é que o montante de recursos em atrasado, segundo dados do Banco Central, não tem se alterado. Assim, se tem mais pessoas inadimplentes, mas o total devedor é o “mesmo”, significa que o compromisso médio de cada família a ser acertado é menor, o que não gera grandes preocupações.
E quem tem mais dificuldade em equilibrar o orçamento doméstico são as famílias de renda inferior a 10 salários-mínimos. Para esse grupo a inadimplência, apesar do recuo, ainda está bastante elevada, em 43%. Já para as famílias com renda superior a 10 SM, o percentual de contas em atraso está em 17,1%.
A diferença também é expressiva quando se analisa o endividamento. Enquanto a taxa de famílias com dívidas está em 44,7% para o grupo de renda mais elevada, para o outro grupo, de renda inferior a 10 SM, atinge os 70%, o que mostra uma necessidade de utilização do crédito para complementar os gastos do domicílio.
Sobre os principais tipos de dívida, o cartão de crédito segue no topo com 87,9%, seguido dos preocupantes 7% do cheque especial, mais alto percentual desde 2016. A orientação que a Fecomércio-BA faz é que o consumidor não considere o cheque especial como uma alternativa de crédito, pois o juro cobrado é extremamente alto. Caso necessite recursos, busque o banco para o crédito pessoal ou consignado, com taxa de juros bem mais modestas, como fazem 6,2% dos endividados para cada uma dessas modalidades.
Embora longe dos patamares ideais de inadimplência, o resultado da PEIC traz otimismo para o comércio, pois mostra o início de um ciclo de redução de contas em atraso. À medida que a inflação for cedendo ao longo deste ano, mais rápida será a queda da curva, abrindo espaço no orçamento para que as famílias voltem ao consumo de forma mais forte.