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PEIC | JULHO 2023

PEIC
24 de julho de 2023

AINDA SEM OS EFEITOS DO DESENROLA, INADIMPLÊNCIA EM SALVADOR CAI AO MENOR NÍVEL EM UM ANO E MEIO, APONTA FECOMÉRCIO-BA

São 276 mil famílias na capital baiana com contas em atraso, 101 mil a menos do que há um ano.

 

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA, apontou retração da inadimplência pelo nono mês consecutivo. Em julho, o percentual de famílias com contas em atraso na capital baiana foi de 29,5% ante 31,2% de junho e dos 40,4% de um ano antes. O atual patamar é o mais baixo desde janeiro de 2022.

São 276 mil famílias que possuem contras em atraso. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve redução de 101 mil. Ou seja, são consumidores que quitaram o seu compromisso vencido e que estão com condições de ampliar os gastos na economia, no comércio e serviços.

A curva de redução da inadimplência é consequência da combinação positiva de emprego e inflação, permitindo o ganho real de renda. Além disso, as negociações estão mais presentes no sistema financeiro e no comércio, criando oportunidades de pagamento com valores bem mais modestos aos que os consumidores deveriam, de fato, pagar.

Ressalta-se que esse número, embora seja de julho, ainda não captou os possíveis acertos das negociações feitas no programa Desenrola. Nesta primeira fase, são dívidas com o sistema financeiro e limpeza do nome sujo para aqueles que possuem dívidas até 100 reais.

A pesquisa mostra ainda que o percentual de famílias que não terão condições de pagar a dívida em atraso caiu de 15,6% em junho para os atuais 14,9%. No entanto, no contraponto anual houve aumento de 1,8 ponto percentual.

Em relação ao endividamento, em julho, 63,9% das famílias soteropolitanas possuíam algum tipo de dívida, abaixo dos 65,1% de junho

e essa foi a quinta retração seguida, além de ser o menor nível desde maio de 2021. Atualmente, são pouco menos de 600 mil famílias que precisam pagar o compromisso de crédito feito, 60 mil a menos do que no período quando a série de recuos começou.

O cartão de crédito segue na liderança entre os endividados, 9 a cada 10 famílias possuem uma fatura a ser paga. Mas não foi esse o motivo da queda em julho, pois o percentual (90%), ficou inalterado em relação a junho. O que chama a atenção é a redução no percentual de endividados nos carnês (de 7,5% para 6,9%) e no consignado (4,6% para 4,4%).

Isso é um sinal de que deve estar havendo uma crescente restrição de crédito do sistema financeiro e das lojas de comércio, com receio do não pagamento e custo para reaver os recursos.

Os dados da PEIC indicam dois caminhos, um positivo e outro negativo. Pelo lado favorável, o maior acerto de contas tem deixado o orçamento doméstico mais equilibrado, sobretudo com redução do pagamento de juros, juma vez que o atraso foi quitado. No entanto, na outra ponta, esse consumidor que se livrou da inadimplência, agora, encontra limitações para consumo via crédito, por estar mais restrito.

E quem é mais afetado é o grupo de famílias com renda de até 10 salários-mínimos. Para eles, apesar da queda da inadimplência de 34,4% para 32,4%, entre junho e julho, são os que mais precisam de crédito para consumidor. Porém, ainda possuem um risco mais elevado dos que ganham acima de 10 SM, que possuem um percentual de inadimplência de 6,5%.

De qualquer forma, em termos relativos, é preferível uma restrição maior do crédito a um aumento da inadimplência. O importante é que a saúde financeira das famílias está melhorando e o Desenrola contribuirá com esse cenário de redução das dívidas até o final do ano. Adiciona a isso o fato da redução, em breve, da taxa de juros, o que deve barretear no médio prazo o crédito ao consumidor.

Em resumo, mais sinais positivos do que negativos ne PEIC de julho. A tendência é que a inadimplência siga na trajetória descendente, voltando

ainda este ano, a se aproximando do nível anterior à pandemia, próximo a 20%, beneficiando o comércio com um aumento gradual nas vendas.