FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DA BAHIA

Central do conhecimento

PEIC | JULHO 2025

PEIC, Pesquisas
24 de julho de 2025

ENDIVIDAMENTO DISPARA E VAI A QUASE 70% DAS FAMÍLIAS DE SALVADOR, AVALIA FECOMÉRCIO BA.

Desde março, 45,3 mil famílias a mais passaram a ter algum tipo de compromisso com crédito. Por outro lado, inadimplência segue controlada.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio BA, mostra um aumento relevante na taxa de famílias endividadas na capital baiana entre março e julho deste ano. Nesse período, a taxa passou de 64,9% para os atuais 69,7%, o maior nível desde março de 2023. Em termos absolutos, são 656,2 mil famílias com algum compromisso de crédito a ser pago — um aumento de 45,3 mil famílias desde o início desse ciclo de alta, em março.

Esse crescimento tem ocorrido em ambas as faixas de renda analisadas pela pesquisa. Entre junho e julho, houve elevação de 71% para 72,4% no grupo que ganha até 10 salários mínimos, e de 38,8% para 41,2% entre as famílias com renda superior a esse valor.

Um ponto importante destacado pela pesquisa é que, mesmo com o aumento do endividamento, o nível de inadimplência permanece controlado, embora houvesse sinalizado uma possível sequência de alta. Em julho, a taxa de famílias com contas em atraso apresentou leve recuo, de 24% para 23,8%, percentual também inferior aos 25,6% registrados no mesmo período do ano passado.

Esse dado reforça o cenário de que o emprego continua proporcionando condições para a obtenção de crédito, apesar de este estar mais caro em função do aumento da taxa de juros. Além disso, o crédito está sendo utilizado para diversas finalidades — tanto para o consumo quanto para o ajuste das contas domésticas.

O principal tipo de dívida segue sendo o cartão de crédito, presente em 91,1% dos casos entre os endividados — um leve aumento em relação aos 90,9% do mês anterior. Também foi registrada alta nas dívidas com carnês, que passaram de 6,2% para 6,6%, e com crédito consignado, de 5,6% para 5,9%.

O tempo médio de comprometimento com a dívida tem aumentado desde o início do ano, atingindo 6,4 meses em julho. Isso indica um crescimento das dívidas de médio e longo prazos, o que sugere um perfil de crédito mais saudável.

Além disso, o percentual da renda comprometida com dívidas ficou em 29,7% em julho — valor próximo aos 29,5% de junho e abaixo dos 30,6% registrados em julho de 2024. Esse comportamento sinaliza que as famílias não estão utilizando o crédito além de sua capacidade, a qual se sustenta principalmente pela renda proveniente do emprego.

Com relação aos atrasos, o tempo médio tem aumentado, o que já era esperado. Famílias que não conseguiram pagar suas contas na data de vencimento no início do ano — período marcado por um processo inflacionário mais intenso — passaram a postergar ainda mais os pagamentos, elevando a média de tempo em atraso.

Portanto, os dados da PEIC de julho ajudam a amenizar a percepção de um cenário mais crítico que vinha se formando. Ainda assim, é fundamental que o mercado de trabalho se mantenha aquecido para sustentar as novas dívidas das famílias soteropolitanas, especialmente diante do aumento nos prazos de pagamento. Não há, a princípio, sinais de elevação da taxa de desemprego — pelo contrário, o que traz certo otimismo em relação aos indicadores de endividamento e inadimplência para os próximos meses.

 

 

 

 

PEIC | JULHO 2025
Baixar arquivo