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PEIC | MARÇO 2023

PEIC
3 de abril de 2023

INADIMPLÊNCIA CAI PARA 38,1%, MENOR PATAMAR DESDE MAIO DO ANO PASSADO, APONTA FECOMÉRCIO-BA

Números animam o comércio que deve ver o consumidor cada vez mais apto a expandir o consumo.

 

A taxa de famílias com contas em atraso em Salvador caiu pelo 5º mês consecutivo, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA. Em março, o percentual de inadimplentes foi de 38,1% ante os 40% de fevereiro. O atual patamar é o mais baixo desde maio do ano passado, quando a taxa foi de 35,8%.

Agora, são 356,4 mil lares soteropolitanos com contas em atraso, 51,5 mil abaixo de outubro do ano passado, quando a taxa foi recorde. No entanto, na comparação com igual período de 2022, ainda há um contingente maior de famílias inadimplentes, 64,7 mil a mais.

Outro dado positivo de março foi a redução de 18,3% para 17,5% das famílias que já dizem que não terão condições de pagar a dívida em atraso. O dado de fevereiro havia sido o maior desde 2010.

E o endividamento registrou leve recrio entre fevereiro e março, de 70,6% para 69,8%, praticamente igual a taxa vista no ano passado, de 69%. São 653,2 mil famílias que possuem algum tipo de dívida e a principal delas é com o cartão de crédito. Entre os endividados, 86,7% estão com compromisso com o cartão, mas não necessariamente com atraso.

O Banco Central tem apresentado informações relevantes e, de certa forma, assustadora sobre os cartões. A taxa de juros média do rotativo no cartão está em 411% ao ano e a inadimplência subiu 25% em um ano em odo o país. Ou seja, famílias que estão pagando juros estratosféricos pela má utilização do cartão, ou até mesmo por ser uma última alternativa de consumo.

Nesses casos, o consumidor deve enfrentar a dívida em atraso de frente e buscar sair imediatamente. É o caso de ligar para o cartão e negociar o pagamento do atraso ou ir ao banco para contratar um crédito mais barato, como o consignado e o pessoal, para pagar a fatura do cartão. Se o nome já estiver sujo, faça a renegociação através do Serasa, uma ótima ferramenta.

O segundo principal tipo de dívida é o crédito consignado, com 6,2% e logo depois vem os carnês com 5,8% e o cheque especial, com 5%. Esse último também deve ser evitado pela alta taxa de juros.

A PEIC também mostra que a inadimplência cai para as duas faixas de renda analisadas pela Fecomércio-BA. No entanto, há uma diferença importante de magnitude. Enquanto que, para as famílias que ganham até 10 salários-mínimos, a taxa de famílias com contas em atraso atinge 41,2% em março, para o grupo com renda mais alta, o percentual está em 12,4%.

Desta forma, para a maior parte, abaixo dos 10 SM, ainda há um longo caminho a ser percorrido, apesar dos últimos meses terem sido de quedas nas contas em atraso. O patamar superior a 40% ainda muito elevado, mais que o dobro da média do ano anterior a pandemia, 2019, de 17%.

O emprego tem avançado e a inflação está controlada num patamar mais elevado. Essa conjunção de variáveis, emprego e renda, contribuiu para que as famílias consigam gradativamente pagar as contas em atraso. Essa tendência já era prevista pela Fecomércio-BA desde o final do ano passado. Será um processo lento e que tem como grande obstáculo o juro alto.

O comércio deve se atentar a essa sequência de queda da inadimplência. Aos poucos vai sobrando mais espaço no orçamento das famílias para aumentar o consumo em outros setores da economia além dos essenciais, como supermercados e farmácias. Ainda não é o cenário ideal, mas a tendência é haver um ritmo de vendas mais forte do que há um ano