PEIC | MARÇO 2025
INADIMPLÊNCIA FICA ESTÁVEL EM MARÇO, MESMO COM PRESSÃO INFLACIONÁRIA, AVALIA FECOMÉRCIO BA.
Endividamento apresenta a segunda queda consecutiva o que pode indicar um receio das famílias em comprometeram sua renda no futuro próximo.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio BA, mostra que, em março, a inadimplência em Salvador permaneceu praticamente inalterada, atingindo 22,5%, ante 22,6% no mês anterior, um nível bastante semelhante ao observado desde outubro do ano passado. Na comparação anual, houve uma redução, já que, em março de 2024, a taxa de inadimplentes era de 23,8%. Em termos absolutos, a redução anual foi de 11,2 mil lares, totalizando atualmente 212,1 mil domicílios na capital baiana com algum tipo de atraso no pagamento de dívidas.
Apesar do cenário de inflação mais alta para alimentos, o atraso nas contas não se alterou na região, o que reflete um mercado de trabalho aquecido e ganhos reais de renda, fatores fundamentais para a proteção do orçamento doméstico. Mesmo entre as famílias com renda de até 10 salários-mínimos, as mais impactadas pela pressão inflacionária, a inadimplência permaneceu estável, registrando 24,8% em março, ante 24,9% no mês anterior.
Por outro lado, a taxa de famílias que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas em atraso subiu de 8,3% em fevereiro para 8,7% em março. No entanto, esse percentual segue abaixo dos 10,4% registrados no mesmo período do ano passado. Atualmente, 87,7 mil lares encontram-se nessa situação mais delicada. Apesar de ainda ser um patamar relativamente baixo, essa oscilação mensal deve ser monitorada nos próximos meses para identificar possíveis mudanças de tendência.
O nível de endividamento apresentou sua segunda retração consecutiva, passando de 65,3% em fevereiro para 64,9% em março, embora ainda esteja acima dos 63,6% observados há um ano. Atualmente, 611 mil famílias em Salvador possuem algum tipo de dívida. Esse recuo pode estar associado ao maior receio dos consumidores em comprometer sua renda com novas dívidas em meio ao aumento da inflação dos alimentos. A prioridade tem sido atender às necessidades básicas, enquanto compras de longo prazo por meio de financiamentos parecem estar perdendo força. Além disso, a seletividade maior na concessão de crédito pelo sistema financeiro, diante da elevação das taxas de juros, pode estar contribuindo para essa queda.
O cartão de crédito segue como o principal tipo de dívida entre os consumidores endividados, representando 92,3% dos casos, seguido pelos carnês, com 5,2%. O primeiro apresentou um leve aumento em relação aos 92,1% registrados no mês anterior, enquanto o segundo recuou de 5,7% para os atuais 5,2%.
Outro dado relevante e positivo da pesquisa é a leve redução no percentual da renda comprometida com dívidas, que passou de 29,9% em fevereiro para 29,7% em março. Conforme a Fecomércio BA tem analisado, com o fortalecimento da renda proveniente do mercado de trabalho, a necessidade de crédito para consumo em relação ao orçamento das famílias tem sido menor.
Além disso, o tempo médio de comprometimento das dívidas permaneceu estável em 6,1 meses. Na comparação anual, houve uma redução, pois em março do ano passado a média foi de 6,7 meses.
Portanto, apesar do aumento nos preços, especialmente dos alimentos, as famílias de Salvador ainda demonstram equilíbrio financeiro, sustentado pela continuidade do aquecimento do mercado de trabalho. No momento, não há sinais de uma mudança rápida de cenário, o que mantém uma tendência positiva para as vendas do comércio na região.