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PEIC | OUTUBRO 2023

PEIC
26 de outubro de 2023

INADIMPLÊNCIA CAI AO MENOR NÍVEL DESDE MAIO DE 2021, APONTA FECOMÉRCIO-BA

São 12 meses consecutivos de queda no número de famílias com contas em atraso.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA, apontou que, em outubro, 25,6% das famílias em Salvador possuem algum conta em atraso. Além de ser a 12ª queda consecutiva, é o menor patamar desde maio de 2021. Atualmente, são 240,3 mil famílias inadimplentes, redução de 14 mil no contraponto mensal e de 168 mil na comparação anual.

Esse é um excelente dado para a economia local e para as famílias que estão conseguindo se livrar das contas em atraso. A medida que vão tendo mais emprego, com a renda ganhando poder de compra, é natural que haja um movimento para o acerto dos compromissos vencidos. Ao mesmo tempo, o lado ofertante como bancos e lojas procuram os inadimplentes para a renegociação e aproveitam também de programas como o Desenrola.

No mês também houve recuo na taxa de famílias que já dizem que não irão conseguir quitar o compromisso em atraso, de 12,6% para 11,9%, o que significa 112 mil lares nessa situação mais delicada. Há um ano, o número estava com um adicional de 33,6 mil.

Em relação ao endividamento, 61% das famílias na capital baiana possuem algum tipo de dívida no mês de outubro, patamar abaixo dos 62,4% do mês anterior e 66,2% vistos um ano antes. São 571 mil domicílios que precisam acertar as contas com alguma modalidade de crédito.

E a principal entre os endividados é o cartão de crédito com 93,6%, maior nível desde fevereiro de 2011 (94,2%) e bem acima dos 85,6% do mesmo período do ano passado. Essa modalidade tem sido muito facilitada nos últimos anos, mas gera o risco da inadimplência e da cobrança exorbitante de juros.

Na segunda posição vem o crédito consignado com 5,7%, na sequência os carnês com 5,6% e o crédito pessoal com 4,9%.

Esses números indicam um cenário positivo, mas ainda desafiador, de uso do crédito para pagamento do consumo do dia a dia e necessidades mais imediatas, e não para um consumo mais de longo prazo.

Na análise por faixa de renda, quem puxou mais a queda da inadimplência foram as famílias que ganham até 10 salários-mínimos, que passou de 29,6% em setembro para os atuais 27,9%, enquanto para o outro grupo, que ganham acima dos 10 SM, ficou estável em 7,6%. O importante é que ambos estão bem abaixo dos percentuais registrados um ano antes, de 46% e 22,9%, respectivamente.

A tendência é de continuidade de redução na taxa de inadimplentes. Em termos históricos, o atual patamar ainda está elevado. No entanto, para voltar a ficar abaixo dos 20% é necessária uma continuação do cenário atual de deflação de alimentos, mais emprego e com o corte de juros. Não há expectativa que isso (taxa abaixo dos 20%) aconteça neste ano, mas há um ambiente favorável para 2024.

E o programa Desenrola nessa nova fase, pode ajudar a reduzir ainda mais a inadimplência? Certamente. No entanto, o processo não é simples para a população média geral, pois há a necessidade de acessar a conta no site gov.br e ter o perfil, no mínimo, prata, o que exige uma vinculação com uma conta bancária, por exemplo. Não é todo mundo, sobretudo as pessoas de baixa renda, que tem desenvoltura para fazer todo esse procedimento, de recuperar senhas, entrar no e-mail que muitas vezes é um antigo, ou que um parente que tem o acesso, entre vários outros pontos.

De qualquer forma, é um importante programa para renegociação de dívidas e, de fato, as empresas concederam um relevante desconto. Com a chegada do 13º salário no próximo mês também deve contribuir para o recuo dos inadimplentes em Salvador. Portanto, o cenário é favorável e deve ter reflexos positivos na movimentação no comércio, pois há um espaço maior no orçamento para os gastos além do essencial.