PEIC | SETEMBRO 2023
132,4 MIL FAMÍLIAS SAÍRAM DA INADIMPLÊNCIA EM 2023, APONTA FECOMÉRCIO-BA
A taxa de famílias com contas em atraso em Salvador caiu pelo 11º mês seguido e o programa Desenrola ajuda nesse cenário.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Fecomércio-BA, registrou a décima primeira queda consecutiva e atinge, em setembro, 27,1% das famílias em Salvador, o menor patamar desde junho de 2021 (25,7%). Atualmente, são 254,2 mil famílias com contas em atraso na capital, uma redução de 14,4 mil na comparação com o mês anterior e desde o início do ano são 132,4 mil famílias que conseguiram quitar o compromisso vencido.
Não é possível afirmar categoricamente que o programa Desenrola, que renegocia dívidas dos consumidores com bancos, varejo e serviços, ajudou nessa redução em setembro. A tendência de recuo já vem desde o ano passado com a melhora das condições econômicas das famílias da região, com mais emprego e renda. O programa pode ter contribuído sim, pois está sendo uma oportunidade única para os consumidores, uma vez que as condições de acerto de dívida são mais vantajosas do que o visto tradicionalmente nos feirões de limpa nome. Ou seja, contribuiu no cenário, mas não é a variável mais relevante.
E o endividamento segue na mesma tendência ao cair de 63,8% em agosto para os atuais 62,4% de setembro. São 584,2 mil famílias que possuem algum tipo de dívida. No ano, pouco mais de 40 mil famílias deixaram de ter algum compromisso a ser pago.
À primeira vista pode ser algo positivo. No entanto, o crédito é importante para a atividade econômica, uma vez que os consumidores não conseguem realizar todas as suas compras somente com a sua renda presente. E a queda está exatamente no perfil de consumo de longo prazo, como é o caso dos carnês que recuou de 6,5% para 6%. Por outro
lado, o percentual de endividados no cartão de crédito subiu de 89,8% para 92,2% em setembro.
Essa é uma modalidade perigosa para quem não sabe utilizar de maneira adequada. O juro no rotativo supera os 400% ao ano. Desta forma, quem está fazendo compras através dos cartões tem que monitorar com frequência para não estourar a capacidade de pagamento.
Outro dado relevante da pesquisa é o percentual de famílias que já dizem que não terão condições de pagar a dívida em atraso, que recuou de 13,6% para 12,6% entre agosto e setembro. Esse percentual representa 118,3 mil famílias em Salvador nessa situação mais delicada.
O que traz certa tranquilidade nesse cenário de endividamento e inadimplência na região é que o percentual da renda comprometida com dívida permanece num patamar saudável, de praticamente 30%. Isso é possível por conta do sistema financeiro moderno que não deixa o consumidor se alavancar demasiadamente nas dívidas.
Na análise por faixa de renda, quem mais contribuiu para a redução da inadimplência foram as famílias que ganham até 10 salários-mínimos, com a queda na taxa de 31,3% para 29,6%, enquanto para os que ganham acima dessa quantia, o percentual ficou estável em 7,6%.
A tendência para os próximos meses é da manutenção na queda da inadimplência. Com a entrada de comércio e serviços no programa Desenrola pode ser que dê um ritmo mais forte para o recuo da taxa. O mercado de trabalho bastante aquecido e com a deflação de alimentos na região tem permitido um ganho relevante no poder de compra e não é uma questão pontual, mas de um ciclo econômico favorável. Desta forma, vai se desenhando um cenário otimista para o final do ano de 2023, principal momento do varejo com as vendas de Natal. Com mais pessoas formalmente empregadas haverá uma injeção maior do 13º salário ajudando nas duas frentes, pagamento de dívidas e consumo.
Portanto, a PEIC traz boas esperanças para o empresário do comércio da região de Salvador.