VAREJO BAIANO | INFLAÇÃO – ABRIL 2025
QUEDA NO PREÇO DA GASOLINA, GÁS DE BOTIJÃO E NAS PASSAGENS AÉREAS TRAZEM INFLAÇÃO NA RMS PARA 0,16% EM ABRIL, AVALIA FECOMÉRCIO BA.
Acumulado em 12 meses deve cair até maio e voltar a subir a partir de junho, se aproximando dos 6% no final do 3º trimestre.
De acordo com informações divulgadas pelo IBGE, a inflação na região metropolitana de Salvador subiu 0,16% em abril, desacelerando em relação ao mês anterior, quando havia registrado alta de 0,41%. No acumulado de 12 meses, a variação está em 5,13%.
No mês, a deflação no grupo de Transportes — de -1,27% — foi crucial para conter uma alta mais acentuada da inflação na região. Essa queda foi puxada pela redução de -21,10% nos preços das passagens aéreas, de -2,21% na gasolina e de -2,15% no óleo diesel. Pelo menos no curto prazo, não há indícios de uma mudança de tendência que leve a um aumento expressivo nesse grupo, que é o segundo de maior peso no indicador.
O grupo Habitação também apresentou recuo em abril, com queda de -0,22%, influenciada pela retração de -2,32% no preço do gás de botijão, além de uma quase estabilidade (-0,07%) na energia elétrica residencial. Diferentemente do grupo de Transportes, neste caso há um indicativo de pressão para o próximo mês, devido à mudança da bandeira tarifária — da verde para a amarela —, o que deverá reverter a queda registrada em abril.
No campo positivo, o destaque, sem surpresas, foi o grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, com aumento mensal de 1,50%. A Fecomércio BA já havia alertado sobre essa alta, atribuída à sazonalidade e ao tradicional reajuste dos medicamentos a partir de 1º de abril. Os medicamentos hipotensores e hipocolesterolêmicos apresentaram variação de 5,40%, valor próximo ao dos anti-inflamatórios e antirreumáticos, que subiram 4,42%. Trata-se, contudo, de uma alta pontual, com expectativa de variações mais modestas nos próximos meses.
O principal grupo de consumo das famílias — Alimentos e Bebidas, responsável por 23% do orçamento — registrou alta de 0,55% no mês e acumula elevação de 6,24% em 12 meses. O tomate segue como o principal vilão, com aumento de 10,47%, seguido da batata-inglesa (10,40%). O café moído subiu 4,93% no mês, mas impressiona o acumulado em 12 meses: quase 87%. Diferentemente do que ocorreu no início do ano, observa-se agora um maior equilíbrio entre altas e quedas de preços, o que suaviza os efeitos no bolso do consumidor e favorece a substituição de produtos. As carnes já apresentam preços mais estabilizados, e algumas frutas tiveram redução, como o maracujá (-15,66%), a laranja-pera (-4,52%) e a banana-prata (-4,07%).
Outra alta relevante foi a do grupo Comunicação, com 0,74%, claramente influenciada pelo período de reajuste dos contratos de serviços, como demonstra o aumento médio de 2,64% na TV por assinatura.
As demais elevações foram observadas nos grupos: Artigos de Residência (0,59%), Despesas Pessoais (0,14%), Educação (0,06%) e Vestuário (0,01%).
Na avaliação da Fecomércio BA, o pior da inflação já passou. Ou seja, os aumentos mais expressivos, salvo alguma mudança radical no cenário, concentraram-se no final do ano passado e no início deste ano. A expectativa agora é de aumentos pontuais, e não estruturais. Contudo, no acumulado de 12 meses, por uma questão estatística, o índice deve permanecer próximo ao atual patamar de 5,13%, com tendência de alta a partir de junho. O pico deverá ser registrado em setembro, superando os 6%, seguido de desaceleração no último trimestre, fechando o ano em torno de 5%.
Vale ressaltar, por fim, que isso não significa que os preços irão cair, mas sim que estão se acomodando em um patamar mais elevado. Isso, de certa forma, traz mais previsibilidade para as famílias e reduz o impacto no bolso do consumidor. O pior passou, mas a atenção deve continuar.