VAREJO BAIANO | INFLAÇÃO DE ALIMENTOS MARÇO 2024
ALIMENTOS SOBE QUASE O DOBRO DA INFLAÇÃO GERAL E TRAZ PREOCUPAÇÃO PARA O CONSUMO, AVALIA FECOMERCIO-BA
Embora a inflação na RMS tenha desacelerado em março, o principal grupo de consumo ainda segue pressionado.
A inflação na Região Metropolitana de Salvador desacelerou em março, com variação de 0,16% ante os 0,96% do mês anterior, conforme dados do IBGE. No acumulado em 12 meses, o avanço foi de 3,36%, bem abaixo dos 5,36% vistos no mesmo período do ano passado.
Porém, o que chama a atenção é que o grupo que mais pesa no indicador, alimentos e bebidas com quase 23%, subiu quase o dobro da média geral, 0,31% contra os 0,16%. No acumulado do trimestre, a variação média da região foi de 1,25%, enquanto a do grupo foi de 2,82%.
A Fecomércio-BA tem apontado que o grande vilão é o fenômeno El Niño, que desde o final do ano passado tem contribuído negativamente para a produção agrícola, interferindo na redução da oferta e, por consequência, no aumento de preço ao consumidor.
Apesar da maior estabilidade no clima, começando a regularização dos plantios, alguns produtos in natura ainda sofrem, como é o caso do tomate que, em março, apontou aumento de 17% e a cebola, outro item básico da gastronomia brasileira, subiu 7,84%. Por outro lado, a cenoura já começou a trajetória de recuo com queda de 23,44% e a batata-inglesa cai 13,64%.
O pior certamente já passou, mas até melhorar e gerar um efeito mais aliviador para o bolso do consumidor ainda deve levar alguns meses. Enquanto isso não ocorre, há a preocupação da Entidade dessa pressão vivida pelos soteropolitanos desde o final de 2023, tanto em relação a capacidade de consumo atual, quanto na questão do acerto de contas em atraso, o que pode prejudicar o andamento da economia regional nesse período.
Outra forte contribuição no mês foi do grupo de saúde e cuidados pessoais, com alta em março de 0,97%, puxado por itens de higiene pessoal como o produto para
cabelo (6,39%), mas também o aumento em medicamentos como os antibióticos (3,54%) e analgésico (2,38%). Vale ressaltar que deve haver nova pressão em abril com os tradicionais reajustes dos remédios, sempre a partir do 1º dia desse mês.
O grupo educação ficou praticamente estável em março, com 0,03% de variação, o que já era esperado, pois o efeito sazonal era previsto somente para o mês de fevereiro.
As demais variações positivas foram de: vestuário (0,59%), despesas pessoais (0,17%) e habitação (0,12%).
Por outro lado, quem ajudou nessa desaceleração no mês de março foi o grupo de transportes, que registrou queda mensal de 0,60%. Houve recuo no comércio e nos serviços, com variação negativa de 19,35% nas passagens aéreas, de -3,66% no transporte público e de -3,07% no óleo diesel.
Esse é um ponto positivo, pois a redução no óleo diesel pode aliviar e contribuir numa pressão menor nos preços dos alimentos, uma vez que é o insumo básico da logística do campo para os centros de distribuição e mercados.
Outras retrações foram vistas em artigos de residência (-0,15%) e comunicação (-0,06%), mas diante dos pesos relativos muito baixos, os menores na região, o impacto foi praticamente nulo.
O resultado de março aponta para uma melhora gradual dos preços na região metropolitana de Salvador, mas ainda não por completo. O grupo de alimentos e bebidas segue pressionado e tem um efeito direto sobre o orçamento das famílias e capacidade de consumo no varejo. A priorização dos gastos neste momento deve acontecer, influenciando uma redução em setores não essenciais, diminuindo o ritmo de crescimento das vendas do comércio.
Felizmente, é um cenário sazonal e que deve trazer algum tipo de normalidade para o meio do ano. Porém, até lá, as consequências para a economia e para o dia a dia das famílias da região não foram nada positivas, deixando sem um alívio no bolso e sem oportunidades de substituição de produtos.