VAREJO BAIANO | INFLAÇÃO RMS – JUNHO 2024
INFLAÇÃO NA RMS É A MENOR PARA 1º SEMESTRE DESDE 2020, AVALIA FECOMERCIO-BA
Em junho, houve deflação, mas aumento na gasolina, no gás de cozinha e na energia elétrica devem gerar pressão no próximo mês. O índice de preços de produtos e serviços na Região Metropolitana de Salvador apresentou leve queda de -0,04% no mês de junho e acumula 3,93% no período de 12 meses, segundo dados divulgados pelo IBGE. Em junho do ano passado, a inflação estava em 2,7%, mas foi algo pontual por um efeito estatístico. Nos meses seguintes, o percentual já oscilava pouco acima dos 4%, ou seja, não muito diferente do cenário atual. Numa observação do 1º semestre, o acumulado de 2,5% foi o menor para o período desde 2020, quando houve aumento de 0,7%. Essa desaceleração é importante para o ganho do poder de compra. Na análise da Fecomércio-BA, havia uma expectativa mais negativa para o desempenho do mês de junho, de uma possível aceleração nos preços, mas que foi dissipada, por dois fatores: o primeiro pela queda da Medida Provisória que teria forte impacto nos preços dos combustíveis e, segundo, pelo impacto mais ameno das enchentes no Rio Grande do Sul nos preços. No mês, a queda mais significativa foi do grupo habitação, de -0,62%, com impacto no resultado geral de -0,09 ponto percentual. O que puxou o grupo para baixo foi a redução de -1,55% na energia elétrica residencial, mas algumas outras quedas como a do gás de botijão (-0,87%) e artigos de limpeza (0,97%) também contribuíram para a deflação do grupo. Outros recuos foram em artigos de residência (-0,13%) e comunicação (-0,14%), mas com efeito mínimo no desempenho geral do mês. Além desses, os grupos transportes, despesas pessoais registraram variação próxima a estabilidade, de -0,02% e -0,01%, respectivamente, e o grupo alimentação e bebidas ficou com avanço nulo. Desses, vale a análise dos transportes que houve um balanço, com passagens aéreas (-9,81%), automóvel usado (-1,51%) e óleo diesel (-1,3%) exercendo pressões negativas e, por outro lado, aluguel de veículo (14,71%), ônibus interestadual (5,08%), seguro de veículo (6,56%) e etanol (1,5%) com variações positivas. O grupo que mais pesa no orçamento das famílias, alimentação e bebidas, com peso de quase um quarto do IPCA da RMS, também merece uma observação dado o equilíbrio dos preços e com forte benefício ao bolso do consumidor. As carnes lideram a pressão baixista, com queda de 2,34%, mas foi possível detectar recuos em outros itens de menor peso como o tomate (-10,57%) e cenoura (-10,15%). No sentido contrário, elevações relevantes da manga (24,81%) e da batata-inglesa (24,48%), além do arroz (4,43%) e dos leites e derivados (3,59%) como possível efeito das enchentes do Rio Grande do Sul, mas que não trazem um efeito negativo maior por conta de itens, como a carne, estarem com uma forte tendência de queda, fazendo o contrabalanço. Pelo lado positivo, de alta, o destaque foi do grupo saúde e cuidados pessoais, de 0,31%, com influência de 0,05 ponto percentual. O tradicional reajuste nos medicamentos já teve o seu efeito nos meses anteriores, e o que tem pesado ainda são os produtos de higiene e beleza, como o produto para cabelo (2,76%), perfume (1,85%) e produto para barba (1,68%). Outras elevações foram de: vestuário (0,26%) e educação (0,09%). Apesar do desempenho bastante favorável no mês de junho, é necessário um olhar futuro, o que traz um cenário de cautela. Agora, não se trata de expectativa, de previsões, mas de fatos concretos e que tem um efeito negativo sobre os preços. O primeiro deles é da tomada de decisão por parte da Petrobrás de reajuste da gasolina e do gás de cozinha, levando uma pressão sobre o grupo de transportes. O segundo fato foi o anúncio, pela ANEEL, da mudança na bandeira tarifária da energia elétrica, da verde para a amarela, a partir de julho até o final do ano, exatamente no item que mais influenciou positivamente no desempenho de junho e o grupo de habitação. Portanto, a inflação na RMS segue num patamar relativamente baixo, mas com pressões altistas para os próximos meses. O ponto positivo é que os alimentos não vêm tendo uma variação forte, pelo contrário, o que traz um alívio no bolso e um aumento na confiança, pois são os gastos diários, que a família observa com maior frequência. E essa sensação deve propiciar o contínuo estímulo ao aumento de consumo no varejo baiano.