VAREJO BAIANO | INFLAÇÃO RMS – MAIO 2024
INFLAÇÃO MAIS BAIXA EM MAIO, MAS DEVE ACELERAR NOS PRÓXIMOS MESES, AVALIA FECOMERCIO-BA
Efeitos das enchentes do Rio Grande do Sul e de possível Medida Provisória com impacto nos combustíveis podem alimentar inflação na RMS. A inflação na Região Metropolitana de Salvador avançou 0,58% em maio, pouco abaixo dos 0,64% do mês anterior, conforme divulgação do IBGE. Embora tenha sido uma desaceleração mensal, no acumulado em 12 meses houve avanço de 3,5% para 3,73%, sendo abaixo dos 4,21% vistos no mesmo período do ano passado. A grande vilã no mês foi a energia elétrica residencial que subiu 3,67% em maio e influenciou para que o grupo Habitação tivesse a maior variação no mês, de 1,31%, e o maior impacto na variação geral, de 0,18 ponto percentual nos 0,58 p.p. Outros itens ligados ao domicílio também tiveram aumento como o sabão em barra (4,55%) e detergente (1,91%), porém o peso no índice é relativamente baixo. Como a energia elétrica não sofre aumentos sequenciais, por ser uma tarifa regulada, não deve gerar efeitos expressivos nos próximos meses. Da mesma forma como aconteceu com o grupo saúde e cuidados pessoais que, em abril, sofreu forte avanço por conta dos tradicionais reajustes dos medicamentos, variando 1,42%, enquanto para maio o percentual arrefeceu para quase a metade, 0,76%. O que tem subido são os itens de higiene pessoal (1,77%), como produtos para barba (1,63%) e absorvente higiênico (1,52%). Os alimentos seguiram a tendência e mostraram arrefecimento nos preços, passando de 1,07% em abril para 0,59% em maio, colaborando com 0,14 ponto percentual para o índice geral. No ponto negativo, a batata-inglesa subiu pouco mais de 30%, o que pode ser considerado reflexo das enchentes no Rio Grande do Sul, uma vez que microrregião de Vacária-RS é a quarta maior ofertante do alimento para os centros de distribuição no país, segundo a CONAB, e com a redução da oferta, evidentemente, pressiona os preços em outras regiões do país. Das 10 maiores variações no mês na RMS, todas são ligadas a alimentos, como o mamão (13,41%), batata-doce (12,8%) e manga (10,39%). No sentido contrário, ainda no grupo alimentação, e que ajudaram a conter os preços estão a banana-prata (-12,7%), o feijão carioca (-10,52%) e a laranja pera (-9,51%). Esses números são importantes, pois não indicam um aumento de preços generalizados, contribuindo para o bolso do consumidor nas possíveis substituições nos mercados. O grupo de transportes seguiu a tendência contrária à média e avançou 0,64%, acelerando dos 0,49% do mês anterior. As altas foram vistas no comércio e nos serviços. Pelo varejo, a gasolina subiu 2,22% e o etanol, 0,71%. No âmbito dos serviços, houve crescimento de 3,96% no transporte por aplicativo, de 2,34% nas passagens aéreas e de 1,03% no ônibus interestadual. As demais elevações foram de: comunicação (0,46%) e educação (0,13%). O grupo despesas pessoais ficou estável e artigos de residência ficou com deflação de -0,38%, mas sem grande impacto na variação geral. O cenário da inflação de maio é relativamente positivo para a economia e consumidores da região metropolitana de Salvador. No entanto, para os próximos meses, deve ter um impacto mais relevante das enchentes do Rio Grande do Sul nos preços dos alimentos. Além disso, a Medida Provisória 1.227 também deve contribuir para pressionar preços de combustíveis no curto prazo, o que é muito negativo, uma vez que sobrecarregará os custos de logística exatamente dos alimentos que estão com tendência de alta. Portanto, a Fecomércio-BA acompanha o quadro da inflação na região, não havendo nenhum descontrole, porém, está num ritmo acima do desejado, com mais pressão altista do que de queda, o que mantem sempre um sinal de alerta para o orçamento doméstico.