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VAREJO BAIANO | INFLAÇÃO RMS – OUTUBRO 2024

Varejo Baiano
22 de outubro de 2024

INFLAÇÃO NA RMS SOBE 0,28% PELO ENCARECIMENTO DA ENERGIA ELÉTRICA.

Fecomércio-BA avalia que esse aumento seja pontual e preços seguirão pressionando menos nos próximos meses 

O IBGE divulgou a inflação de setembro da região metropolitana de Salvador, que sobe 0,28% e acumula 3,95% em 12 meses, ficando abaixo da média nacional, de 4,42%.

No mês, o grande vilão foi o grupo habitação, com alta de 2,38%, derivado da elevação de 5,98% na energia elétrica residencial, o item individual que mais pesa no indicador. Esse aumento já era esperado pela mudança da bandeira tarifária para a vermelha – patamar 1, a partir do último dia 1º de setembro, a um custo mais caro para o consumidor. E a ANEEL já anunciou que a partir do início de outubro, haverá mais uma nova mudança, para a vermelha patamar 2. Ou seja, o dado de outubro virá com mais uma pressão desse grupo que pesa 14% no índice.

Na avaliação da Fecomércio-BA, essa pressão tende ser pontual e não estrutural. Isso porque, se expurgasse o grupo habitação do cálculo, por hipótese, haveria deflação de −0,06% na região, o que é um bom sinal para a economia local. Só o grupo habitação gerou um impacto de 0,34 ponto percentual no resultado geral, muito significativo.

Colaborou ainda com a alta no mês, mas numa proporção menor, o grupo de saúde e cuidados pessoais, com alta mensal de 0,36%. O aumento vem pelo lado do varejo como óculos de grau (2,78%), antidiabético (2,81%), quanto pelos serviços, com a alta de 2,72% nos exames laboratoriais. Embora venha apresentando elevação, o ritmo das variações tem sido menor do que no início do ano, o que vem ajudando sobretudo o orçamento das famílias de idade mais avançada, que gastam uma proporção relativa maior da sua renda nesse tipo de consumo.

As demais elevações foram de: artigos de residência (0,52%), comunicação (0,09%) e educação (0,04%). Porém, a soma das participações absoluta foi de apenas 0,03 ponto percentual, sem grandes interferências na variação global.

No sentido contrário estão quatro grupos e o destaque foi, mais uma vez, o de alimentação e bebidas, com deflação de −0,26% em setembro, gerando o maior impacto negativo no mês, de −0,06 ponto percentual. Os tubérculos, raízes e legumes seguem na tendência de queda nos preços e que contou com redução de 33,87% no preço médio da cebola, de −15,53% da batata-inglesa, de −9,05% da cenoura e de −8,50% no tomate.

Além desses, ajudaram na deflação do grupo os itens de pescados (-3,90%), frutas (-1,36%) e o arroz (-1,11%), esse de alta relevância no consumo das famílias. Não há, no momento, qualquer fato que possa alterar a trajetória de preços mais modestos dos alimentos, o que deve seguir colaborando com a inflação na RMS.

Dois outros grupos exerceram a mesma influência no resultado geral, de −0,04%, o de despesas pessoais (-0,35%) e transportes (-0,23%). Para o primeiro, houve recuo de 14,05% nos preços médios do cinema, teatro e concertos, além da redução de 2,54% nos pacotes turísticos.  Nos transportes, por sua vez, ajudou a deflação na gasolina (-2,32%) e no etanol (-3,19%), mesmo que, por outro lado, tenha havido aumento médio de 7,76% nas passagens aéreas e de 7,86% nos aluguéis de veículos. 

E, por fim, o grupo de vestuário que, em setembro, apontou queda de −0,10%. A Fecomércio-BA vem observando essa tendência de recuo de preços em grande parte dos itens, o que colabora com a possibilidade de aumento de gastos para presentes nas datas comemorativas, como ocorre neste mês o Dia das Crianças e, evidentemente, com um olhar para o Natal.

Portanto, a inflação na RMS está sendo pressionada por um item em específico, energia elétrica residencial, e que seguirá impactando no próximo mês. Como é um importante gasto das famílias, tende a gerar algum efeito sobre o consumo, sobretudo porque o verão está se aproximando e há um uso natural maior de ventiladores e ares-condicionados, consumindo mais energia.

No sentido contrário, a deflação em alimentos traz um alívio para o bolso. Mas é uma troca ruim, de conseguir economizar nos supermercados, mas não conseguindo fugir de um aumento na energia elétrica, que não agrega na dinâmica de consumo no comércio e serviços.

De qualquer forma, o mercado de trabalho aquecido ainda consegue manter o poder de compra num patamar elevado, dando condições das famílias não sentirem tanto esse aperto. Até porque o nível de inadimplência está mais baixo, dando mais fôlego para os gastos do dia a dia.