Compras no e-commerce crescem 1,9% em 2023 e vão a R$ 9,2 bilhões na Bahia, avalia Fecomércio BA
Smartphones, refrigeradores e televisores foram os principais produtos adquiridos online. Confira o balanço do setor no estado.
Em 2023, as compras realizadas no e-commerce por consumidores do estado atingiram R$ 9,2 bilhões, alta de 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 9 bilhões). Esses dados fazem parte do mais recente balanço do comércio eletrônico que a Fecomércio BA elabora, a partir das informações divulgadas pelo MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. São dados extraídos das Notas Fiscais Eletrônicas, ou seja, números autênticos desse marcado em expansão no país.
Para a comparação dos dados históricos, disponíveis a partir de 2016, a equipe da Fecomércio BA atualizou monetariamente todos os valores a preços de 2023, uma vez que está explicito que os dados do portal são nominais.
Dos R$ 9,2 bilhões, 84% (ou R$ 7,7 bilhões) correspondem a compras realizadas de empresas fora do estado, o que é conhecido como transações interestaduais. Desse montante, 51,5% vêm do estado de São Paulo, que é o principal centro logístico do país e abriga grandes empresas varejistas. Em contraste, apenas R$ 1,5 bilhão foram gastos por consumidores baianos em empresas localizadas na própria Bahia.
O valor total de R$ 9,2 bilhões corresponde a 4,6% do faturamento do varejo físico no ano passado, de acordo com levantamento da Fecomércio BA. Além disso, o mercado consumidor da Bahia representa 4,5% do total movimentado em todo o país e lidera o Nordeste com uma participação de 30% entre os estados da região, superando Pernambuco (18%) e Ceará (14,5%). Em 2023, as vendas da Bahia para outros estados totalizaram R$ 600 milhões.
“Embora tenha ocorrido uma queda significativa de 30%, é importante considerar que isso se deve a uma base de comparação alta, já que no ano anterior houve um aumento de 60,5%. Mesmo com a redução, o valor atual é o segundo maior da série histórica iniciada em 2016, destaca o presidente do Sistema Comércio BA, Kelsor Fernandes. O principal destino dos produtos baianos é o estado de Sergipe, com R$ 123 milhões, seguido pelo Espírito Santo, que recebeu R$ 79 milhões.
Em relação aos principais produtos comprados por consumidores, seja dentro do estado ou interestadual, lideram os smartphones com R$ 496 milhões no ano passado, bem à frente de refrigeradores e freezers, com R$ 313 milhões. Seguem na lista produtos de eletrodomésticos e eletrônicos, tradicionais nesse mundo de e-commerce, como os aparelhos receptores de televisão (R$ 294,1 milhões) e máquinas digitais para processamento de dados, com peso inferior a 10 kg (R$ 215,7 milhões).
Embora a maior concentração de compras ainda esteja nos itens de eletroeletrônicos, também há um aumento nos valores de produtos relacionados a vestuário e calçados, móveis, e higiene e beleza. Esse crescimento indica que os consumidores estão expandindo suas compras no ambiente digital. Diversos fatores contribuem para essa mudança, como preços competitivos, entrega rápida e a conveniência das compras online.
O consultor econômico da Fecomércio BA, Guilherme Dietze destaca que o e-commerce se consolidou como uma tendência, especialmente após a pandemia de coronavírus. “Antes mesmo de 2020, as compras online dos consumidores baianos já apresentavam um crescimento expressivo, com aumentos de 14,1% em 2018 e 24,2% em 2019. No entanto, foi no ano seguinte que houve um salto notável, com um crescimento de quase 92,2%, elevando o volume de compras de R$ 3 bilhões para cerca de R$ 6 bilhões. Em 2021, o avanço foi significativo novamente, com uma alta de 31,9%, superando os R$ 7 bilhões. Nos anos recentes, o volume de compras tem se mantido em torno de R$ 9 bilhões”, esclarece Dietze.
As análises sobre o cenário atual revelam tanto aspectos positivos quanto negativos. Por um lado, o crescimento expressivo do e-commerce reflete uma maior capacidade de consumo e uma digitalização mais avançada da população. As empresas de pagamento têm contribuído com mais agilidade e segurança para os consumidores, enquanto os vendedores e marketplaces têm investido em inovação, oferecendo preços atraentes e entregas cada vez mais rápidas.
Por outro lado, um aspecto preocupante é o aumento das compras realizadas fora do estado, o que intensifica a concorrência para os varejistas locais, especialmente nos setores de eletrodomésticos, eletrônicos, vestuário e cosméticos. Segundo o levantamento mensal da Fecomércio BA, as lojas de eletrodomésticos enfrentaram uma queda de 15,5% em 2022, embora tenham conseguido uma recuperação de 18,4% no ano seguinte, retornando a níveis próximos aos pré-pandemia. Além da influência das taxas de juros, que dificultam o acesso a esses produtos, o e-commerce também se configura como uma competição significativa para as lojas físicas, limitando seu crescimento.
Apesar dos grandes desafios enfrentados, a Fecomércio BA celebra o crescimento do varejo baiano, que registrou uma alta de 6,8% no primeiro semestre deste ano.
“Este desempenho é ainda mais notável em um cenário de contínua expansão do e-commerce. O crescimento do varejo destaca a importância do setor para a região, contribuindo para a manutenção de empregos e renda. Além disso, muitos varejistas têm ampliado suas operações ao incorporar o mundo digital em seus negócios, oferecendo uma competitiva alternativa local aos estabelecimentos online de todo o país”, assinala o presidente do Sistema Comércio BA, Kelsor Fernandes.