Endividamento sobe e atinge 47,5% das famílias em Salvador, aponta Fecomércio-BA
Neste mês de março, o percentual de famílias endividadas em Salvador atingiu 47,5%, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Fecomércio-BA. Esse foi o sexto aumento seguido e a taxa do mês representa 440 mil famílias com algum tipo de dívida. 23,5 mil a mais, em relação ao mesmo período de 2019.
A inadimplência seguiu a mesma tendência e registrou 16,7% em março. Agora, são 155 mil famílias que não conseguiram pagar os compromissos até a data do vencimento. Um aumento de quase 10 mil famílias em um ano.
O principal tipo de dívida das famílias em Salvador continua sendo o cartão de crédito com 90,6%. Em segundo lugar vem o crédito pessoal com 7,7%, seguido dos carnês com 6,8%.
Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, este cenário de aumento do endividamento ocorreu antes do aumento da tensão por conta da COVID-19 no país e na região do estado. “As famílias ainda estavam no momento de aumento de confiança por causa da melhora residual no mercado de trabalho e no aumento da disponibilidade do crédito”, comenta.
A situação mudou de forma rápida e drástica, com restrição de circulação de pessoas na rua e de abertura de comércio e serviços não essenciais em algumas localidades. Ainda conforme o economista, “o comércio sentirá os efeitos da queda de demanda e alguns terão que, infelizmente, reduzir o quadro de funcionários”.
Com um cenário mais negativo pela frente, as famílias evitarão qualquer despesa que não seja essencial e os trabalhadores informais, ou que foram demitidos devem buscar formas de complementar a renda mensal e, segundo o economista, o crédito será a saída. “Os bancos, por sua vez, enxergando maior risco de inadimplência, devem tornar o crédito mais seleto, como sempre fez em tempos de crise”.
De acordo com a pesquisa da Fecomércio-BA, a tendência de curto prazo é que haja um aumento numa proporção maior da inadimplência do que do endividamento.
Guilherme Dietze recomenda que as famílias façam um exercício dentre de suas casas, que coloquem em listas todos os gastos mensais e vejam os que são possíveis de cancelar neste momento. “Dívidas existentes com os bancos já estão sendo postergadas para 60 dias, o que não limita uma busca por uma possível renegociação”, ressalta.