FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DA BAHIA

Notícias

Inadimplência em Salvador registra primeira queda desde novembro de 2019 e atinge 29,9% das famílias, aponta Fecomércio-BA

Comércio
15 de maio de 2021

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Fecomércio-BA, apontou que 66,3% das famílias de Salvador estão endividadas neste mês de outubro. O percentual ficou tecnicamente estável em relação setembro, 66,9%, continuando próximo do número de 620 mil famílias com algum tipo de dívida na capital baiana.

Mas o que chama a atenção no resultado de outubro é o recuo da inadimplência de 30,8% em setembro para os atuais 29,9%. Pode parecer pequena a queda, porém é a primeira retração desde novembro do ano passado. Das duas maneiras, o patamar ainda está bastante elevado com 277 mil famílias que não conseguiram pagar a dívida até a data do vencimento, cerca de 9 mil a menos que o mês anterior.

Na análise do mês anterior, a Fecomércio-BA mostrou que seria importante esperar o resultado de outubro para entender se, de fato, a melhora das condições da economia e do emprego teriam reflexos sobre a inadimplência. “E parece que é isso que está acontecendo”, diz Guilherme Dietze, consultor econômico da Fecomércio-BA. O economista avalia que os empregados dos comércios de eletroeletrônicos, materiais de construção e móveis e decoração que estão registrando forte crescimento nas vendas, estão ganhando além do salário, a comissão, o que ajuda a complementar a renda e a pagar as contas em atraso.

“Além disso, com a volta da geração de empregos, mesmo que em ritmo fraco, deixa os bancos menos restritivos em relação ao crédito ao consumidor. Tanto que o percentual de dívida no cartão de crédito subiu para os 92,8%, pouco acima dos 90,5% vistos em setembro”, pontua. Os carnês passam a ser o segundo maior percentual com 7,5%, influenciado pela reabertura do comércio sobretudo em relação aos setores mencionados anteriormente, que se beneficiam com a injeção do auxílio emergencial.

Outra taxa da pesquisa também apresentou queda, a das famílias que já dizem que não terão condições de pagar a dívida atrasada, que passou de 13,1% em setembro para os 12,5% de outubro. São 116 mil famílias que estão numa situação financeira mais delicada.

O quadro do endividamento e inadimplência em Salvador ainda é muito delicado, apesar da indicação em outubro que tende a melhorar nos próximos meses. Isso porque, de acordo com análise de Guilherme Dietze, a pesquisa mostra que o percentual da renda comprometida com dívida está em 37,2%, sendo que o recomendado é em torno de 30%, para que haja recursos suficientes para o consumo básico do domicílio e para as contas fixas como aluguel, luz, água, gás, etc.

Ainda conforme análise econômica, o risco está concentrado nas famílias com renda até 10 salários mínimos, pois a taxa de inadimplentes para essa faixa de renda está em 32,8%, enquanto o grupo com renda mais alta a taxa fica em 6,5%.

“Houve uma melhora em outubro, mas que para voltar a patamares mais adequados vistos no ‘pré-crise’ será necessário um caminho longo e de paciência, pois a principal variável que poderia acelerar o processo está andando devagar, que é a geração de emprego”, alerta Guilherme Dietze.